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Covid-19: Oposição acusa FRELIMO de oportunismo político

12 de junho de 2020

Os partidos da oposição moçambicana na província de Inhambane acusam o partido no poder de aproveitar a pandemia da Covid-19 para fazer propaganda política, com a distribuição de apoios à população.

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Filipe Nyusi e Ossufo Momade
Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi (à esq.), e o líder da RENAMO, Ossufo Momade (à dir.) na província de Sofala Foto: DW/A. Sebastião

A população da província de Inhambane, sul de Moçambique, está a ser registada pelos secretários dos bairros da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) para beneficiar, nos próximos dias, dos apoios referentes à crise provocada pelo novo coronavírus. A ação está a ser promovida pelo partido no poder com ajuda da liderança comunitária.

Segundo a oposição, as pessoas são instruídas a não aceitar ajudas provenientes de outras formações políticas. A FRELIMO nega as acusações e garante ainda que tem apoio dos parceiros e organizações sociais para distribuir apoios.

Virgínia Joana, residente de Inhambane, confirmou à DW África que já foi registada pelo secretário do bairro onde vive, mas ainda não recebeu o apoio alimentar, como foi prometido.

"Ainda não recebemos [os apoios]. Mas os nomes foram inscritos casa por casa pelo secretário do bairro. Ele disse que é para receber alguma coisa de comer esses dias que estamos com essa doença [Covid-19]", diz.

Maria Joaquim, munícipe da cidade de Maxixe, descreve uma situação semelhante. "O nome já escreveram, só a máscara ainda não recebemos. Não disseram nada e só escreveram os nossos nomes".

Propaganda partidária

Vários produtos alimentares e de higiene, entre outros, foram prometidos pelos agentes da FRELIMO à população de Inhambane, no momento em que as pessoas estavam a ser registadas. Mas, até ao momento, ninguém recebeu nada além das máscaras caseiras de proteção que foram produzidas pelos municípios e entregues ao partido no poder nos distritos.

Covid-19: Oposição acusa FRELIMO de oportunismo político

Raúl Nguenha, porta-voz da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) em Inhambane, critica a FRELIMO por instrumentalizar a pandemia da Covid-19 para fazer propaganda política.

"A RENAMO não está surpreendida com este comportamento da FRELIMO, porque vem demonstrar desde muito. Como é possível que um partido que diz querer distribuir as máscaras ou comida, primeiro faz pré-inscrição? Para ajudar as pessoas, não podemos olhar às cores partidárias", sublinha.

Devido à partidarização das instituições públicas pela FRELIMO, os partidos da oposição foram impedidos de distribuir máscaras à população e nas empresas estatais: recentemente, a RENAMO foi impedida de distribuir máscaras aos reclusos da cadeia provincial de Inhambane.

Cerceamento de liberdades

José Sinequinha, porta-voz do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) em Inhambane, acusa o partido no poder de estar a impedir que outras formações políticas ajudem a população para se promover.

"De facto, isso não admiro, porque estão a distribuir máscaras, a registar a população nas suas listas e a dizer por aí que não devem receber máscaras de qualquer pessoa. Portanto, é de lamentar esta contra-propaganda. É cercear a liberdade de um povo".

Não se sabe se os apoios prometidos pelos secretários de bairros da FRELIMO são aqueles que deviam ser distribuídos a todos pelo Governo moçambicano.

João Muchire, primeiro-secretário da FRELIMO em Inhambane, não comenta o assunto. Diz apenas que tem apoio dos seus parceiros na distribuição do material de prevenção à Covid-19.

"A massificação do fabrico caseiro de máscaras artesanais é bastante maior e há muitos parceiros que se juntam a essa iniciativa do partido e das organizações sociais. As pessoas precisam perceber realmente que a vida está em jogo".

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