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Como a "mobilidade verde" está a transformar o Ruanda

Abu-Bakarr Jalloh | tm
29 de junho de 2021

Até 2030, o Governo ruandês quer estabelecer redes inteligentes de e-mobilidade. Ciclovias são instaladas nas principais áreas urbanas, e o acesso à "mobilidade verde" está a ser ampliado estrategicamente pelo país.

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Ruanda Kigali City
Bairro em Kigali, capital do RuandaFoto: Imago/photothek/T. Imo

O Governo do Ruanda criou a "Gura Ride", uma empresa pública de transporte de e-mobilidade. A ideia é que os utentes partilhem bicicletas inteligentes, scooters elétricas e bicicletas elétricas para o campo e a cidades e campo.

A plataforma funciona através de uma aplicação que oferece pacotes de um único passeio e subscrições diárias, mensais e anuais. As bicicletas públicas estão disponíveis em várias estações em Kigali onde os passageiros as escolhem para se dirigirem ao seu destino, pagando on-line.

Durante a Covid-19, estas bicicletas ajudam a garantir medidas de distanciamento social, uma vez que transportam uma pessoa de cada vez - ao contrário dos ônibus públicos, onde há muitas pessoas amontoadas juntas.

Mas o novo sistema de transporte público está ameaçando muitos empregos, especialmente entre os jovens motoristas dos mototáxis, conhecidos como "boda boda".

Screenshot Guraride Webseite E-Bikes Bike-sharing Ruanda
Projeto possibilita uso coletivo e compartilhado de scootersFoto: Guraride

Eliminação dos automóveis

O governo ruandês incentiva a redução gradual dos automóveis à gasolina. O objetivo é substituí-los por soluções elétricas. Entre outros benefícios, a iniciativa reduzirá as emissões de carbono, a poluição do ar e aliviará a pressão sobre a infraestrutura existente.Sendo um país que aspira a um crescimento económico rápido, o Ruanda estabeleceu o objetivo nacional amplo e inclusivo, conhecido como "Visão 2020". A ideia é conduzir os ruandeses para uma transição de desenvolvimento, integrando estratégias de crescimento verde e de resiliência climática.

Os boda boda são o meio mais comum e mais rápido para se deslocar dentro da cidade de Kigali e de outras grandes cidades do país.

"Como motoristas do ramo, não se consegue que um passageiro lhe pague um preço mais alto, enquanto as bicicletas públicas são mais baratas. Portanto, o número dos nossos passageiros vai reduzir. As consequências são que eu não vou ganhar dinheiro suficiente para dividir com o chefe que é dono da motocicleta", diz Pascal Harerimana, admitindo que o projeto do Governo vai oferecer um bom serviço à população.

Ruanda está desenvolvendo ciclovias em todas as principais áreas urbanas. Isto é parte da visão do país para 2030 - estabelecer redes inteligentes de e-mobilidade verde. Harerimana diz que isto será conseguido a muito custo, mas vai melhorar o setor de transportes em geral.

"Isso dará aos ruandeses bons meios de transporte alternativos - seja um táxi, um motor ou as bicicletas que estarão disponíveis", diz Harerimana.

Aloys Niyonsaba steht im Plastikmüll vor seiner Fabrik
Unidade de reciclagem de sacos plásticos em KigaliFoto: Jesko Johannsen

Sentimentos mistos

Com o apoio do banco de fomento aleão KfW, o fundo de investimento da FONERWA para o ambiente e as alterações climáticas está a desenvolver o conceito da cidade modelo. O primeiro passo é a execução de um projecto-piloto, construindo cerca de 1,700 apartamentos acessíveis para 8 mil em 16 hectares e alternando unidades residenciais com unidades comerciais. Mais apartamentos serão acrescentados no futuro. Trata-se de um bairro pioneiro: uma vez concluído o processo, será possível viver e trabalhar num espaço acessível e verde. A "Cidade Verde de Kigali" pretende atuar como um modelo de sustentabilidade para outras cidades do Ruanda. 

A estratégia ambiental do Governo vai além. Desde o ano passado, as autoridades estão a proibir o uso de carvão vegetale combustível de madeira para o uso doméstico. Como alternativa, as autoridades estão a incentivar o uso do gás para proteger o meio ambiente. 

É neste contexto que o poder público trabalha a mobilidade na capital ruandesa. Embora a Gura Ride tenha uma única aplicação que possibilita compartilhamento de bicicletas elétricas, scooters elétricas e bicicletas inteligentes, Charles Ndushabandi, um residente de Kigali que usa principalmente boda bodas como um meio de transporte conveniente, diz que os ruandeses recebem estas bicicletas com sentimentos mistos.

"A maioria de nós cresceu andando de bicicleta. Trazer bicicletas não será algo novo para nós, e não acho que as pessoas na sociedade optariam por usar bicicletas ... se elas não forem elétricas".

O apoio ao projeto não é unânime. A cidade de Kigali, que está encarregada de lançar Gura Ride, não respondeu aos pedidos da DW África para comentar a própria iniciativa.

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