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Marcha em Luanda contra cortes em pensões é adiada

28 de janeiro de 2019

O chefe de Estado angolano, João Lourenço, encontra-se em visita privada nos Estados Unidos. Manifestação para exigir pagamento dos subsídios cortados em 2008 estava marcada para esta segunda-feira.

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Angola Jose Alberto Nelson Limuqueno
José Alberto Nelson "Limuqueno"Foto: DW/B. Ndomba

A marcha de generais contra cortes nas pensões em Luanda, Angola, marcada para esta segunda-feira (28.01), foi adiada. A decisão foi tomada tendo em vista a ausência do Presidente angolano João Lourenço, que está nos Estados Unidos em visita privada. Em declarações à imprensa, o brigadeiro José Alberto Nelson "Limuqueno”, presidente da Associação dos Ex-Oficiais Generais, Superiores e Subalternos Reformados, explicou que o adiamento da manifestação se deu em respeito ao chefe de Estado e também para evitar aproveitamento político.

Entretanto, um pedido do Chefe do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado, Fernando Garcia Miala, teria também acalmado a fúria dos antigos oficiais das Forças Armadas Angolanas (FAA) que estão reformados.

Com Presidente ausente, marcha em Luanda contra cortes em pensões é adiada

"O General Miala pediu-nos encarecidamente para aguardarmos para que o assunto seja resolvido noutra forma, tendo em conta a ausência do mais velho, o presidente João Lourenço. E além disso, ele está disponível a nos receber para de forma serena encontrar uma saída para a resolução do problema”, disse o brigadeiro "Limuqueno".

Mais de cem ex-Oficiais Generais, Superiores e Subalternos Reformados chegaram a se concentrar na sede da Associação, no bairro da Madeira, distrito urbano da Maianga, arredores de Luanda. Mas, após uma reunião de hora e meia entre os manifestantes, representantes do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado angolano e efetivos de polícia de Luanda, as autoridades propuseram o adiamento da marcha.

Militares pedem urgência

Os oficiais das FAA na reforma, que reclamam os subsídios cortados desde 2011, fazem parte dos excedentes militares que foram "compulsivamente passados à reforma" em 2004. A eles foram atribuídas pensões vitalícias de um determinado valor. Desde então, os oficiais tentam, junto de várias instituições judiciais, militares e civis, obter o reconhecimento das suas reclamações, tendo a Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola lhes dado razão em 2014, sem que, porém, os subsídios e os descontos fossem repostos.

O brigadeiro José Alberto Nelson informou que os militares terão nos próximos dias uma reunião com o General Miala, a quem vão pedir urgência na resolução do problema. "Vamos avisar o camarada Miala que este assunto tem que ser resolvido com urgência porque já estamos saturados. Também somos seres humanos, então temos que ser tratados com dignidade”, afirmou.

Pensão é insuficiente, alegam manifestantes

Angola Demonstration gegen Rentenkürzungen in Luanda
Pep Charra, coronel reformadaFoto: DW/B. Ndomba

Engrácia Mukumbingombe é viúva de um ex-coronel das FAA. A senhora disse que ao invés do subsídio de 380 mil Kwanzas (1.066 Euros) da pensão, recebe somente 70 mil Kz (196 Euros). Para sustentar os filhos, a viúva de 56 anos afirma que recorre à venda ambulante.

"Os seis filhos que tenho estão na escola e para lhes sustentar tenho que ir vender. Meu marido trabalhou para que? Morreu da reforma, mas o que estão a comer do dinheiro são os da Caixa Social”, acusou.

Cobranças ao Presidente

Já a coronel reformada Pep Charra disse à DW que se o problema não for resolvido depois do regresso Presidente João Lourenço, os protestos serão intensos.

"João Lourenço quando assumiu o cargo de ministro da Defesa encontrou esta situação, causada pelos senhores Kundi Paihama e general Benigno de Oliveira Vieira Lopes ‘Ingo'. Mas agora que ele assumiu as funções de Presidente da República, e como ele prometeu tirar o que está sujo e colocar o que está limpo, então, ele tem que mostrar isso. Ele combateu. Também trabalhou com alguns que estão aqui. Eu mesma que estou aqui a falar, ele trabalhou comigo no Moxico na direção política”, contou.