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Com bom currículo, Cissé espera surpreender na segunda volta das eleições no Mali

Silva-Rocha, Antonio8 de agosto de 2013

Apesar dos parcos 19% na primeira volta, o ex-ministro das Finanças e da Economia, Soumaïla Cissé, vai disputar, no domingo (11/8), a segunda volta da eleição para o cargo mais alto no Mali.

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No bairro de "Aci 2000", o novo centro de negócios de Bamaco, a música sai dos altifalantes em grandes berros para manter os apoiantes do candidato Soumaïla Cissé de bom humor e felizes. Afinal, até à segunda volta da eleição, muito mais pessoas devem ser mobilizadas.

Em Bamaco, porém, esta tarefa parece ser bem difícil. A capital maliana é um bastião do outro candidato, Ibrahim Boubacar Keita, que obteve 39% dos votos na primeira volta do escrutínio. Soumaïla Cissé, que só recebeu 19% dos votos, lamentou os resultados da primeira volta do pleito que ocorreu no passado dia 28 de julho.

"Há um candidato que obteve 90% dos votos em Bamaco onde todos os candidatos estão presentes. É absolutamente aberrante ganhar em todas as assembleias de voto sem excepção, em toda cidade de Bamaco. Nunca vi isso numa eleição", disse Cissé.

Desafios

Cissé se diz decepcionado com os resultados divulgados, embora tenha conseguido o mínimo de votos que lhe permitiu apresentar-se nesta segunda volta. Com os 39% de votos recolhidos, contudo, Boubacar Keita perdeu claramente a maioria absoluta.

Atualmente, quando faltam poucos dias para a segunda volta, Soumaïla Cissé quer concentra-se no seu objetivo, que é chegar à Presidência do Mali, como afirma Modibo Kamara, amigo de Cissé desde a década de 70.

Soumaïla explicou no seu programa que o verdadeiro problema do Mali é o desafio que coloca o desenvolvimento do país", disse Kamara.

Para o colaborador próximo do candidato, enquanto não se conseguir fazer com que a população tenha os serviços básicos mínimos, enquanto as pessoas não conseguirem alimentar-se, enquanto não houver eletricidade e água potável, "as populações vão se revoltar".

Portanto é preciso em primeiro lugar satisfazer as necessidades básicas das populações.

Currículo

Soumaïla Cissé tem desempenho brilhante de formação, além de um percurso profissional e político excepcional.

Depois de um diploma universitário de estudos científicos em Dacar, inscreveu-se na Universidade de Montpellier, no sul da França, onde obteve mestrado em métodos informáticos aplicados à gestão. Por isso é considerado um profissional com muita experiência em economia e finanças.

De 1993 a 1997, foi ministro das Finanças e Economia. De 2004 a 2011, chefiou a União Econômica e Monetária do Oeste Africano (UEMOA), tendo antes criado, em 2003, o seu próprio partido, a União para a República e a Democracia (URD), que se tornou na segunda força política no parlamento maliano.

Soumaïla Cissé é, para os observadores internacionais, um grande especialista em finanças. Jean-Hervé Jezequel, ocupa-se do Mali e do Niger na ONG International Crisis Group.

Para ele, Cissé é "alguém que tem experiência a nível internacional e que passa uma imagem de si próprio de um economista que compreende as instituições internacionais que tiveram um papel muito importante no Mali".

Nome de expressão no exterior

Na conferência de doadores realizada em Bruxelas, em maio, a comunidade internacional anunciou ajuda de cerca de dois mil milhões de euros para a reconstrução do Mali. O montante também poderá servir como pressão para as novas autoridades do país.

Soumaïla Cissé, no entanto, não teme esse desafio. Pelo contrário, depois da crise, qualquer ajuda seria bem-vinda. Isto também se aplica à missão de formação do exército maliano, localizada na cidade de Kolikoro, na qual participam 100 soldados das forças armadas alemãs.

"Não temos essas pessoas e não temos capacidade de formá-las. Para além disso, [a União Europeia] coloca os seus meios financeiros à nossa disposição porque esta formação custa dinheiro. Soumaïla está muito satisfeito com esta formação e agradece sinceramente à UE pelos esforços que faz. Ele está perfeitamente de acordo com isso", salienta Modibo Kamara.

Observadores notam que o percurso de Soumaïla Cissé torna-o muito credível quando, por exemplo, coloca a juventude no centro dos seus discursos e afirma que pensa criar 500 mil postos de trabalho em cinco anos, caso seja eleito presidente do Mali. E assegura " O Mali de amanhã será um país emergente este é o meu objetivo".