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Cheias em Moçambique prejudicam os agricultores

Manuel David (Lichinga) / LUSA29 de janeiro de 2015

Em Moçambique, já morreram 117 pessoas devido às cheias. Mais de 157 mil pessoas foram afetadas. Entre elas, muitos agricultores que vêem agora os seus campos completamente alagados.

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Província moçambicana do Niassa uma das mais férteis do paísFoto: DW/G. Sousa

As fortes cheias que este ano incidiram sobre a região centro e norte de Moçambique e que já causaram dezenas de perdas humanas e milhares de afetados, têm também impactos negativos, ainda por avaliar, sobre a agricultura e outras atividades económicas

No Niassa, uma das províncias mais férteis do país, mais de 700 áreas de cultivo foram devastadas pelas chuvas. A União Provincial dos Camponeses e Associações do distrito de Lichinga alerta que, se não se fizer nada, nos próximos anos, poderá haver bolsas de fome na província do norte de Moçambique.

As inundações afetaram 1.835 famílias camponesas na região sul da província do Niassa, particularmente nos distritos de Cuamba e Mecanhelas. Centenas de culturas alimentares e de rendimento ficaram completamente alagadas.

Straße von Mandimba nach Lichinga
Estrada entre Mandimba e Lichinga na província do NiassaFoto: DW/Johannes Beck

O coordenador da União Provincial dos Camponeses e Associações do distrito de Lichinga, Paulino Imede, diz que os agricultores estão muito longe de alcançarem as metas da atual campanha agrícola.

Imede calcula que os prejuízos sejam avultados: "Em algumas zonas, nomeadamente nas regiões pantanosas, podemos dizer que este ano as culturas estão perdidas. Mesmo nas machambas, a agricultura está um pouco perdida. O milho, por exemplo, não está a crescer de forma normal, enquanto noutras regiões já se encontra bem desenvolvido e até muda de cor."

Governo trabalha no sentido de minimizar os danos

Mas o director provincial da agricultura no Niassa, Eusébio Tumuitikile, garante que nada está perdido. Segundo ele, o governo da província já está a trabalhar, em conjunto com outros sectores, no sentido de minimizar os danos.

Gordinho Manuel Lourenco
Agricultor na província do NiassaFoto: DW/Glória Sousa

"Ainda estamos no decurso da primeira época e o governo provincial e os governos distritais, estão a trabalhar. Em cooperação com a delegação na província do Niassa do Instituto Nacional de Gestão das Calamidades (INGC), também são desenvolvidas ações no sentido de solucionar os problemas", diz Tumuitikile. "Peço aos produtores para que não desanimem porque ainda temos tempo para lançarmos a segunda época, sobretudo no que concerne ao cultivo do milho e de hortícolas."

Para tentar recuperar os prejuízos, Eusébio Tumuitikile promete que o governo provincial irá alocar sementes aos camponeses. "Vamos alocar mais de três toneladas de milho, 900 quilos de feijões e cerca de 200 quilos de ramas de batata-doce com vista a ultrapassarmos o mais rapidamente possível esta situação."

Na presente campanha agrícola no Niassa estão envolvidos mais de três mil camponeses, que trabalham em culturas alimentares e de rendimento.

Mais de 157 mil moçambicanos afetados pelas cheias

No mais recente balanço oficial das cheias, o número de mortos subiu para 117, incluindo 93 na província da Zambézia.

Provinzregierung Niassa
Sede do governo provincial do NiassaFoto: DW/J.Beck

Segundo um relatório do Ministério da Administração e Função Pública, mais de 157 mil pessoas foram afetadas pelas cheias que atingiram as províncias da Zambézia (124,3 mil pessoas), Nampula (19,5 mil), Niassa (12,8 mil), Cabo Delgado (169), Sofala (145) e Tete (45).

Cheias em Moçambique podem abrandar crescimento do país

As cheias que afetam Moçambique podem retirar até 1% ao crescimento económico previsto para este ano, reduzindo-o a 6,5%, segundo o boletim económico mensal do Standard Bank, referente a fevereiro, citado pela agência de notícias LUSA.

De acordo com o documento, assinado pelo economista-chefe do Standard Bank, Fáusio Mussá, "as fortes cheias que este ano incidiram sobre a região centro e norte do país, poderão resultar numa redução do PIB previsto para 2015 entre 0,5 e 1 ponto percentual, para 7%-6,5%".

O relatório do Standard Bank, um dos principais bancos a operar em Moçambique, considera que apesar do impacto das cheias, o país vai continuar a expandir-se num ritmo significativo, chamando, no entanto, a atenção para o endividamento do Estado, cuja percentagem sobre o PIB está a aproximar-se dos 40%, tendo chegado, segundo as previsões do banco, aos 36% no ano passado.

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