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Chefe da diplomacia europeia apela ao diálogo

Leonel Matias (Maputo)25 de fevereiro de 2016

Federica Mogherini prometeu mais investimento, mas também avisou que não se podem perseguir objetivos políticos através das armas. O Governo e a RENAMO devem dialogar, referiu a chefe da diplomacia europeia.

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Chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini (esq.), e ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro BaloiFoto: picture-alliance/dpa/A. Silva

A União Europeia (UE) está preocupada com a onda de instabilidade política em Moçambique. De visita a Maputo, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, alertou para a necessidade de "não se perseguirem objetivos políticos através da força das armas".

"É necessário reforçar a democracia no país e é igualmente crucial que se crie um ambiente que permita resultados substanciais e significativos no diálogo político", disse Mogherini, esta quinta-feira (25.02), à saída de um encontro com o Presidente da República, Filipe Nyusi, na capital moçambicana.

Moçambique vive uma crise política desde as eleições gerais de outubro de 2014. O maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), ameaça tomar o poder à força em seis províncias onde reclama vitória eleitoral. Nyusi e o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, encontraram-se no início de 2015, mas o impasse mantém-se. Nos últimos meses, o Governo e o partido da oposição têm-se acusado mutuamente de ataques, raptos e assassínios.

Apoio a Moçambique

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Federica Mogherini reafirmou a disponibilidade da União Europeia para trabalhar com Moçambique "como um bom parceiro", descrevendo como "excelente" o atual nível de cooperação.

"Informei o Presidente sobre o interesse da União Europeia em manter e reforçar o investimento em Moçambique, especialmente no desenvolvimento económico", afirmou Mogherini, que prometeu ainda apoio europeu para fazer face às cheias e secas.

A cooperação entre Moçambique e a União Europeia realiza-se através do Fundo Europeu de Desenvolvimento, que prevê um apoio de 721 milhões de euros para o período 2014-2020. Segundo o Governo moçambicano, o dinheiro destina-se, por exemplo, aos setores da agricultura e energia e à construção de estradas.

Críticas da oposição

A diplomata da União Europeia encontrou-se em separado com delegações dos dois partidos da oposição com assento no Parlamento, a RENAMO e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM).

Durante o encontro, a RENAMO reiterou que está disponível para manter um diálogo sério, informou a chefe da bancada parlamentar do partido, Ivone Soares, em entrevista à DW África. A RENAMO acusou ainda o Governo moçambicano de estar a investir na compra de material bélico, algo que estaria a contribuir para um clima de suspeição.

Segundo Soares, atualmente, os níveis de confiança são "baixíssimos" depois das forças especiais invadirem a casa de Afonso Dhlakama, na Beira, e depois de desconhecidos balearem o secretário-geral do partido, Manuel Bissopo.

Afonso Dhlakama und Filipe Nyusi Mosambik
Encontro de líder da RENAMO, Afonso Dhlakama (esq.), e Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, em fevereiro de 2015Foto: AFP/Getty Images/S. Costa

Por seu turno, o porta-voz da bancada do MDM, Fernando Bismarque, disse que, durante o encontro de Mogherini com o seu partido, foi reafirmada a necessidade de se encontrar uma saída urgente para pôr fim à atual tensão político-militar - uma saída que passaria pelo diálogo, envolvendo os partidos políticos e outras forças vivas da sociedade.

O MDM defendeu a revisão da Constituição da República, com vista à eleição dos governadores provinciais. Disse ainda ser necessário reduzir os poderes do chefe de Estado e rever a política fiscal.

Entretanto, o Conselho Nacional de Defesa e Segurança decidiu esta quarta-feira (25.02) que devem ser criadas condições de segurança para permitir a realização de um novo encontro entre o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, para pôr termo aos ataques no país.