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Carta de condução em Moçambique já está mais cara

Leonel Matias (Maputo)
5 de novembro de 2018

Subiram esta segunda-feira (05.11) os preços para obter a carta de condução em Moçambique. Cidadãos ouvidos pela DW África consideram que as novas taxas são incomportáveis, sobretudo tendo em conta o atual custo de vida.

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A carta de condução passa a custar quase oito vezes maisFoto: DW/J. Beck

As novas taxas praticadas pelo Instituto Nacional dos Serviços Terrestres (INATTER) chegam a atingir os 71 mil meticais (pouco mais de 1000 euros). É esse o preço para a frequência do curso de formação de instrutores e de inspetores.

As maiores críticas registam-se em relação à taxa para a emissão da carta de condução, que passou de 500 para 2.500 meticais, o que corresponde a uma subida de cerca de sete para 35 euros. Estes números representam um agravamento de cerca de 500%. A taxa de realização de exame de condução passa a custar cerca de 20 vezes mais e a aquisição do livrete 15 vezes mais.

Cidadãos ouvidos pela DW África em Maputo não poupam críticas aos novos preços. "Não há necessidade de serem valores tão exorbitantes", lamenta um morador da capital moçambicana. "O custo de vida agora está complicado, muitos jovens não têm trabalho e então recorrem à carta para terem uma carrinha e conduzirem alguém de um ponto para o outro", explica.

"É muito triste a situação que estamos a viver agora, o custo de vida aumentou bastante e acho que o povo não está preparado para essas novas taxas", diz outro habitante. "E vai ser também um prejuízo para os motoristas", critica também um condutor.

Carta de condução não é para todos

A vice-ministra dos Transportes e Comunicações, Manuela Rebelo, falando há dias na televisão privada STV, minimizou o impacto que terá o agravamento das taxas dos serviços prestados pelo INATTER.

Carta de condução em Moçambique já está mais cara

A dirigente disse que este agravamento surge na sequência da retirada de subsídios por parte do Estado a vários setores de actividade, tornando desta forma as atuais taxas insustentáveis para o funcionamento do INATTER.

"A carta de condução não é como o bilhete de identidade. O bilhete de identidade é obrigatório, a carta de condução não. É conforme as condições que eu tenho que vou tirar ou não", afirmou.

O economista Alfredo Monjane lembra que "o custo da educação para ter acesso ao emprego, que neste caso é o custo de ter a carta da educação, acaba por ser maior ainda". Portanto, argumenta, "estamos também aqui, de certo modo, a colocar barreiras para o acesso ao emprego."

Vêm aí mais aumentos

A última semana foi marcada por longas filas de utentes dos serviços da INATTER em Maputo, na tentativa de evitar pagar as novas taxas.

Porém, esta segunda-feira (05.11), Leonildo Fumo não escondia a sua insatisfação: "Não estou muito feliz. Na semana passada paguei  500 meticais, estava um mar de gente e não consegui levantar a carta. Volto hoje com aquele recibo e dizem-me que tenho de pagar a diferença. Fiquei intrigado."

Na capital moçambicana estão igualmente previstos para o próximo mês de dezembro reajustamentos das tarifas no sistema ferroviário urbano e interurbano e do Metrobus, um sistema integrado de transportes que combina autocarros e automotoras na região metropolitana de Maputo.