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Carlos Gomes Júnior diz ser "candidato natural" do PAIGC às presidenciais

Nélio dos Santos (Cidade da Praia)22 de abril de 2013

O primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau fala sobre a candidatura e questiona a realização de eleições no país já este ano. Gomes Júnior comenta também a prisão do ex-chefe da Marinha guineense, Bubo Na Tchuto.

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Presidente do PAIGC, Carlos Gomes JúniorFoto: DW/João Carlos

O primeiro-ministro guineense deposto e presidente do PAIGC esteve na Cidade da Praia para participar no XIII Congresso do PAICV, o partido que sustenta o Governo cabo-verdiano.

Em entrevista à DW África, RTP e Agência Lusa, Carlos Gomes Júnior falou de tudo um pouco, a começar pela prisão de Bubo Na Tchuto e do alegado mandado internacional contra António Indjai, por presumível envolvimento no tráfico de droga e de armas:

"Tenho acompanhado o que tenho ouvido e visto pela imprensa. Não tenho contacto direto com as coisas que estão a decorrer no dia a dia. Mas, pelas informações na imprensa, só tenho a lamentar."

O Governo liderado por Carlos Gomes Júnior foi deposto a 12 de abril de 2012 num golpe de Estado liderado pelo general António Indjai. Desde essa data, Carlos Gomes Júnior nunca mais falou com o homem agora procurado pela justiça norte-americana.

"Não gosto de me pronunciar sobre os meus subordinados. Os meus subordinados têm de respeitar a hierarquia e eu sou o chefe. Não me pronuncio sobre seja quem for", disse Gomes Júnior.

Eleições em 2013?

Wahlen Guinea Bissau 2012
Carlos Gomes Júnior duvida que os guineenses possam ir às urnas ainda em 2013Foto: AP

A comunidade internacional, com as Nações Unidas à cabeça, tem pressionado as autoridades de transição para começarem os preparativos para realizar eleições gerais até ao final do ano. Porém, Carlos Gomes Júnior duvida que o prazo será cumprido.

"Eu tenho as minhas dúvidas. Umas eleições têm custo. As últimas eleições presidenciais tinham um orçamento de cerca de cinco milhões de dólares. Hoje fala-se em eleições gerais, cujo custo se estima em cerca de 20 a 30 milhões de dólares. Alguém tem de o financiar", afirmou.

Ainda no capítulo das eleições, Carlos Gomes Júnior admitiu, pela primeira vez, que venceu as presidenciais de 2012 na Guiné-Bissau à primeira volta com 54 por cento, mas a Comissão Nacional de Eleições alterou esses resultados para 49 por cento, ao ser pressionada por uma ala militar:

"Eu nem gosto de falar disso. Porque, de facto, o povo reagiu em função das suas necessidades. Mas nós, como somos um partido democrático e que já enfrentou sérios desafios, entendemos que o povo da Guiné-Bissau não devia ser confrontado com outras situações. Aceitámos os resultados. Nem questionámos se nos tiraram, ou não, votos, em nome da paz e da estabilidade."

"Candidato natural"

Carlos Gomes Júnior promete regressar ao país assim que as condições de segurança estiverem reunidas e considera-se o candidato natural do PAIGC às próximas eleições presidenciais:

Carlos Gomes Júnior diz ser "candidato natural" do PAIGC às presidenciais

"Sou o candidato natural. Eu é que ganhei as eleições presidenciais, isso não há dúvida para ninguém."

Mas, antes das eleições, Gomes Júnior quer que a comunidade internacional ajude a redefinir o papel dos militares.

"Nós entendemos que há questões prévias que têm de ser analisadas, porque o povo da Guiné-Bissau não se pode manifestar livremente, os jornalistas não podem exercer a sua profissão livremente. Devia-se chegar ao consenso de que as Forças Armadas devem ser apolíticas."

Sangue novo no PAIGC

Sobre o seu partido, Carlos Gomes Júnior duvida que o Congresso marcado para o mês de maio se concretizará, invocando questões administrativas e financeiras.

O político quer sangue novo no PAIGC: "Nós queremos dar uma nova oportunidade aos jovens. Por isso retirei a minha candidatura."

Sobre o seu sucessor, Gomes Júnior abriu ligeiramente o véu dizendo que defende um dirigente muito dinâmico.

"Uma personalidade dinâmica, capaz, que tenha convicções e que sirva os ideais do camarada Amílcar Cabral e dos combatentes da liberdade da pátria. Uma pessoa com o objetivo de servir e não servir-se do partido. Não falo de nomes, são todos camaradas do partido", referiu.

Guinea Bissau Wahlen 2012 Ministerpräsident Carlos Gomes Junior Cadogo
Carlos Gomes Júnior nas eleições de março de 2012 na Guiné-BissauFoto: DW/Ferro de Gouveia
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