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Cabo-verdiana na corrida às autárquicas portuguesas

Carlos,João3 de setembro de 2013

No dia 29 de setembro, Portugal realiza eleições autárquicas. Rosa Moniz, dirigente associativa, é a primeira candidata cabo-verdiana a entrar na corrida eleitoral.

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Dentro de aproximadamente um mês, os portugueses vão às urnas para eleger os melhores entre os 308 candidatos que disputam os lugares de presidentes e vereadores de câmaras, bem como de presidentes e deputados das assembleias municipais.

A cabo-verdiana Rosa Moniz apresenta-se como cabeça de lista na freguesia de Rio de Mouro, em Sintra, concelho com mais de 300 mil eleitores.

Logo pela manhã, começa o expediente no bairo da Serra das Minas, na freguesia de Rio do Mouro. Por esta altura, Rosa Moniz já trabalha na Associação Caboverdiana de Sintra (ACAS), a única do género no concelho, que criou há dez anos. "Costumo dizer que trabalho 24 horas por dia, porque vivo aqui no bairro", conta.

"Este caminho é que me escolheu"

Com o apoio dos colaboradores, dedica a maior parte do seu tempo a atender os inúmeros problemas dos cidadãos do concelho. "Penso que, por este sentido de persistência, é que repararam em mim e me fizeram o convite", considera. Mãe solteira e dirigente associativa, esta ex-jornalista é a primeira mulher cabo-verdiana a integrar a lista dos elegíveis nas autárquicas marcadas para 29 de setembro.

"Já faço parte do executivo da freguesia de Rio de Mouro, na Coligação Mais Sintra, embora como independente", explica Rosa Moniz. "Já fazia parte da Assembleia de Freguesia no mandato anterior". Agora, concorre para o cargo de presidente da Junta de Freguesia de Rio do Mouro, fazendo parte da lista do Movimento "Sintrenses com Marco Almeida". "Eu não escolhi este caminho. É caso para dizer que o caminho é que me escolheu", esclarece a candidata cabo-verdiana.

Embora seja um social-democrata, Marco Almeida apresenta-se como candidato independente à substituição de Fernando Seabra na presidência da Câmara Municipal de Sintra. Já habituada a enfrentar desafios, Rosa Moniz aceitou o convite, procurando minimizar o risco de as pessoas acharem que se trata de uma candidatura em nome das comunidades africanas.

Legalização de imigrantes e desemprego preocupam Rosa Moniz

Há 32 anos que vive em Sintra, conhece perfeitamente bem a dimensão dos problemas que afectam sobretudo as famílias e, em particular, os jovens. Não são apenas problemas relacionados com a legalização de imigrantes. "Neste momento o grande problema é o desemprego", afirma. "As pessoas estão a perder aquilo que têm a uma velocidade estonteante. Mas já antes havia o problema da desocupação de jovens".

Rosa Moniz quer, por exemplo, ajudar na integração profissional dos jovens que abandonam o sistema educativo. Ou a pessoas que estão a perder habitação por incapacidade de pagamento dos créditos bancários.

"Há uma coisa que tenho prometido às pessoas: vou ser uma guerreira. Vou ser uma voz ativa para mobilizar as pessoas", garante Rosa Moniz. Pouco preocupada com os adversários, a candidata quer mobilizar as comunidades em busca das soluções.

Cabo-verdiana conhecida pelo trabalho social

A DW acompanhou a candidata num breve percurso pelo bairro. À porta de um café, alguns cidadãos dizem que não a conhecem. Deolinda Sobral e Alcides Varela, por outro lado, têm dela boas referências pela obra social realizada. "É uma pessoa com muita cultura e acho que esta candidatura vem mesmo a calhar. Precisamos de uma pessoa como a D.Rosa", diz Deolinda Sobral.

Alcides Varela, natural de São Tomé e Príncipe, considera que "tem capacidade mais do que suficiente, está sempre empenhada em projetar Rio de Mouro e, quem sabe, o concelho de Sintra". E como independente, ambos os habitanteas de Rio de Mouro lhe dão todo o seu apoio. Não sentiram aqui na freguesia algum constrangimento em aceitá-la como candidata na lista de Marco Almeida, natural de Lobito (Angola).

Nos escrutínios de 29 de setembro podem votar cidadãos cabo-verdianos que respeitem os requisitos legais, bem como ser eleitos caso se apresentem como candidados. Entretanto, a participação cívica na vida política portuguesa ainda é fraca. No domingo, 1 de setembro, Rosa Moniz apresenta a lista de potenciais candidatos que integrarão a sua equipa de trabalho, caso seja eleita.