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Cabo-Verde: Sokols diz que o norte do arquipélago é isolado

Nádia Issufo
5 de julho de 2019

Nas celebrações da independência de Cabo-Verde o movimento Sokols 2017 saiu às ruas de São Vicente mais uma vez para manifestar-se contra a discriminação política, São Vicente já sente essa diferença na economia local.

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Kap Verde Salvador Mascarenhas Aktivist
Salvador MascarenhasFoto: Sokols

Cabo-Verde tornou-se independente de Portugal a 5 de julho de 1975, há precisamente 44 anos. As atividades para assinalar a independência estão a decorrer esta semana em todo o país e na diáspora com encontros, palestras, concertos e tertúlias, além da tradicional sessão solene na Assembleia Nacional.

O movimento Sokols 2017 também convidou a população de São Vicente de Cabo-Verde para voltar a sair às ruas hoje (05.07) para uma manifestação contra o bloqueio governamental no mesmo dia em que o país comemora mais um aniversário da sua independência. Esta é a sexta manifestação do grupo contra o governo do MPD. A DW África entrevistou Salvador Mascarenhas líder do movimento Sokols 2017 para saber quais as suas intenções.

Manifestação Sokols 2017

DW África: Quais os motivos desta manifestação?

Salvador Mascarenhas (SL): São os mesmos motivos que anteriormente. Só que agora adicionado ao facto de ter havido um bloqueamento dos transportes aéreos e marítimos à ilha de São Vicente. Como se sabe a companhia de bandeira a Cabo-Verde Airlines deixou de voar para o aeroporto internacional Cesária Évora em São Vicente e ao mesmo tempo desviou-se o hub marítimo para a cidade da Praia. Apesar de não ser oficial pelo facto da própria sede da Companhia Transinsular, que é companhia que ganhou o concurso de ligação entre as ilhas ser na Praia. Veio fazer com que a economia caísse muito.

DW África: Quais são as consequências dessas alterações?

SL: Por exemplo muitas pessoas compravam coisas aqui em São Vicente, da zona centro e da zona norte. Hotéis compravam todos os seus consumíveis. Houve um amigo meu que deslocou o seu agente de compras de São Vicente para a Praia porque só tem um barco semanal, quando há, que é um barco vai de ilha a ilha. Mas Santiago tem barcos todos os dias. Além disso temos um centralismo grande desde da independência, que tem destruído a nossa economia. Temos uma má gestão do país pelos políticos de todos partidos. Também apelamos que os políticos sejam mais capazes, sejam mais competentes.

DW África: O movimento queixa-se da marginalização do norte do arquipélago, isso é intencional ou é má política?

SL: Agora é intencional.

DW África: Quais são as vossas propostas de soluções para os problemas que se queixam?

SL: Haver mais autonomia, a meritocracia, o combate à corrupção e a descentralização. Mas isso não chega, o que nós achamos em Cabo-Verde é que temos um problema grave de partidocracia. As pessoas estão muito partidarizadas, o que tem hipotecado um pouco o futuro do país. Nós não vamos ficar apenas pelas manifestações. Nós achamos que a solução é política. Nós somos o barómetro da governação, somos uns watchdogs. Mas uma das propostas que fazemos é estimular a cidadania ativa. Vamos apelar com muito mais força e tentar junto da sociedade civil para que possa emergir uma nova força política independente para que possa candidatar-se às próximas eleições autárquicas e para poder mudar esse paradigma.

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