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Cabo Verde distingue Presidente guineense

Lusa
11 de julho de 2021

Trata-se da mais alta distinção cabo-verdiana e pretende reconhecer o contributo do Presidente guineense na reaproximação dos dois países. Visita oficial de Sissoco a Cabo Verde termina este domingo (11.07).

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Bildkombo Umaro Sissoco Embaló, Guinea-Bissau & Jorge Carlos Fonseca, Kap Verde
Sissoco Embaló termina, este domingo (11.07), a sua visita oficial de quatro dias a Cabo Verde.

Cabo Verde atribuiu ao Presidente da Guiné-Bissau, que está de visita ao arquipélago, a Ordem Amílcar Cabral, a mais alta distinção cabo-verdiana, reconhecendo o contributo de Umaro Sissoco Embaló na reaproximação dos dois países.

 A atribuição daquela condecoração, no seu primeiro grau, foi feita através de um decreto presidencial de 10 de julho, assinado pelo Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, no Mindelo, ilha de São Vicente, "em reconhecimento do empenho pessoal, contributo inestimável, da dedicação e a amizade" de Umaro Sissoco Embaló "na reaproximação e relançamento dos laços históricos, culturais e de amizade, de cooperação e de desenvolvimento" entre ambos os povos.

 "Inaugurando assim uma nova era no relacionamento especial entre os dois países", lê-se no texto do decreto.

 O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, iniciou na quinta-feira uma visita oficial a Cabo Verde, retribuindo a realizada em janeiro deste ano, a Bissau, pelo homólogo cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca - que foi então a primeira do género -, com deslocação sábado e domingo à ilha de São Vicente.

"Hoje, a realidade e a vontade dos dois países ditam um estreitamento de relações, que vem sendo cada vez mais acarinhado, fruto de um desejo natural. A diplomacia, através da sua arte e longa experiência, é aqui chamada para oficializar aquilo que já é uma exigência das nossas populações", reconhece ainda o decreto.

Guinea-Bissau Bissau | Jorge Carlos Fonseca, Kap Verde & Umaro Sissoco Embaló
 O Presidente da Guiné-Bissau retribuiu, esta semana, a visita oficial realizada em janeiro deste ano, a Bissau, pelo homólogo cabo-verdianoFoto: Iancuba Dansó/DW

Acrescenta que nos dois países "existem importantes comunidades imigradas cabo-verdiana e bissau-guineense", os quais, "com o seu trabalho, esforço e criatividade, contribuem para a desenvolvimento e bem-estar dos nossos povos, constituindo-se em ferramentas de excecional valia no mundo de hoje".

Recorda que Cabo Verde e Guiné-Bissau "têm uma história singular, no contexto de todo o continente africano", desde o período colonial.

"Construímos uma comunidade linguística, fruto da nossa conjunta adaptação aos factos históricos e sociais que determinaram o rumo das nossas vidas. A sua semente, misturada com muitas outras, moldou-nos e traçou a linha identitária deste povo que se espalhou pelas ilhas. Somos filhos dessa sua diáspora forçada. Um grupo de homens e mulheres que se adaptou e foi construindo uma nação, juntando outros pedaços e salvados humanos que estas costas vieram dar", lê-se.

"A história também nos juntou numa luta comum pelo mais valioso de todos os bens: a liberdade. Ombro a ombro enfrentámos, com coragem, esse novo desafio e nesse caminho aprofundamos os laços de irmandade ancestrais. Saímos vitoriosos, como novos países prontos para enfrentar destinos", aponta igualmente.

Um "comboio que ninguém irá parar mais"

Entretanto, este domingo (11.07), durante a conferência de imprensa de balanço da visita, na ilha de São Vicente, o Presidente Sissoco Embaló afirmou que as relações com Cabo Verde entraram num novo patamar, como um "comboio que ninguém irá parar mais". Trata-se de uma reaproximação que "não tinha antes sido feita", destacou Embaló, referindo-se à sua visita oficial de quatro dias ao país.

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As visitas de ambos os chefes de Estado, destacou, "cumpriram os seus propósitos" e a partir de agora os dois países podem beneficiar no âmbito económico e na integração dos povos, destacando Sissoco que o respeito mútuo deve reger o tratamento entre os cidadãos dos dois países africanos de língua portuguesa.  

"Graças aos nossos esforços conjunto, os dois povos sentem-se mais próximos. Impulsionados por si e por mim, os governos da Guiné-Bissau e de Cabo Verde vão certamente promover e concretizar programas concretos de cooperação bilateral de interesse comum. Os nossos dois governos também vão certamente unir os seus esforços na diplomacia tendo em vista a convergência dos nossos interesses em todas as organizações internacionais em que Guiné e Cabo Verde têm assento", afirmou

Também os operadores económicos guineenses e cabo-verdianos, acrescentou, têm agora "um caminho mais aberto para estabelecer parcerias empresariais mutuamente vantajosas".

Críticas de Sissoco Embaló

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, considerou na quinta-feira como "inaceitável" os rumores de guineenses barrados à entrada dos aeroportos cabo-verdianos e pediu "reciprocidade" no tratamento dos conterrâneos em Cabo Verde, principalmente na regularização e obtenção de documentos.

Em conferência de imprensa ao lado do seu homólogo cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, o Presidente da Guiné-Bissau lamentou o maior problema enfrentado pela comunidade guineense em Cabo Verde, que é a acesso aos serviços de regularização e obtenção de documentos, muitos mesmo vivendo há mais de 10 ou 20 anos no arquipélago.

Por seu lado, o Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, reconheceu que Cabo Verde pode "fazer mais" pela comunidade guineense residente, estimada em perto de 10.000 guineenses, que vivem e trabalham, mas mais de metade em situação irregular ou sem documentos, apesar das tentativas para legalização.

 "Sempre defendi que devem ter um tratamento especial em Cabo Vede, pelas razões históricas e de irmandade que temos", disse o chefe de Estado, mostrando-se "satisfeito" pelo Governo ter anunciado esta semana que esta questão vai ser vista, no âmbito da revisão lei da nacionalidade.