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SADC investiga vídeo "perturbador" e promete consequências

Lusa
12 de janeiro de 2023

Organização regional diz ter "tomado nota" do que aconteceu em Cabo Delgado, tendo já aberto investigações. Amnistia Internacional diz que vídeo é exemplo de uma "guerra esquecida".

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Mosambik Nationale Verteidigungsstreitkräfte Südafrikas (SANDF)
Foto: ALFREDO ZUNIGA/AFP

A Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) descreveu como "perturbador"um vídeo que mostra alegados soldados da sua força regional destacada em Cabo Delgado, Moçambique, a queimar cadáveres e prometeu "medidas" após a conclusão das investigações.

O Presidente da Namíbia, Hage Geingob, que dirige o corpo de segurança destacado pela SADC em Cabo Delgado para combater o terrorismo, disse ter "tomado nota" do que aconteceu e que a missão da SADC em Moçambique (SAMIM) já abriu investigações.

Präsident Hage Geingob von Namibia
Hage Geingob dirige o corpo de segurança destacado pela SADC em Cabo DelgadoFoto: AFP/R. Bosch

"Desejo salientar categoricamente que a SADC não aprova os atos descritos no vídeo e, uma vez concluídas as investigações, irá tomar as medidas apropriadas de acordo com o direito internacional em conflitos armados", sublinhou Geingob numa declaração no Twitter.

Apesar das imagens, amplamente difundidas nas redes sociais, Geingob destacou a forma "responsável e profissional" como as tropas do SAMIM atuaram durante todo o conflito, sublinhando que estão "empenhadas" na luta contra o terrorismo e a violência em Cabo Delgado.

Nos últimos dias, tem circulado um vídeo nos meios de comunicação social mostrando alegados soldados sul-africanos da SADC a atirar um cadáver para uma pilha de escombros em chamas. Na terça-feira, a África do Sul condenou o incidente e anunciou uma investigação.

Reações

O sucedido está a gerar várias reações. Em entrevista à DW, a RENAMO, principal partido da oposição em Moçambique, diz-se "chocada" com as imagens e acusa o Presidente Filipe Nyusi de ter perdido o controlo da situação em Cabo Delgado.

Também a Amnistia Internacional (AI) afirma que as imagens são um exemplo "horrível" do que está a acontecer na "guerra esquecida" que está a ter lugar nesta província no norte de Moçambique.

"A queima de corpos por soldados é deplorável e provavelmente uma violação do direito humanitário internacional, que proíbe a mutilação de cadáveres e exige que os mortos sejam tratados com respeito", disse Tigere Chagutah, um dos representantes da Amnistia para a África Oriental e Austral.

Chagutah apelou à SAMIM para abrir uma investigação "rápida, completa e independente" sobre as imagens de vídeo e tomar as medidas adequadas contra os responsáveis pelo que aconteceu.

"A segurança em Cabo Delgado não deve ser imposta à custa da violação dos direitos humanos", salientou Chagutah.

Os desafios para Moçambique no Conselho de Segurança da ONU