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Braço de ferro entre autoridades e professores na Zambézia

Marcelino Muéia (Quelimane)/Cristiane V. Teixeira5 de maio de 2015

Em Moçambique, autoridades da Educação de Inhassunge, na Zambézia, acusam professores de excessivos atrasos e absentismos e vão descontar nos salários dos profissionais que faltarem ao trabalho.

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Professores do distrito de Inhassunge, na ZambéziaFoto: DW/Marcelino Muéia

Os professores faltam às aulas e os alunos têm más notas: esta é uma realidade que está a preocupar as autoridades da Educação no distrito de Inhassunge, na Zambézia. A situação é registrada não só no ensino primário, mas também no secundário.

Os pais e encarregados da Educação dizem, por exemplo, que os alunos das classes iniciais têm apenas três aulas por semana por causa das faltas dos professores. No resto dos dias letivos, as crianças vão para as machambas apoiar os familiares na colheita de arroz e feijões.

Agora, as autoridades distritais resolveram implementar medidas duras para tentar acabar com as faltas.

Segundo o diretor distrital de Educação de Inhassunge, Martins Alige, os professores faltosos vão passar a receber menos. Quanto mais os professores faltarem, mais será descontado nos seus salários.

"Ninguém gostaria de se ver com menos dinheiro, não é? Há pessoas que podem não aparecer ao serviço por motivos graves, digamos, doença. Isso pode justificar-se. A culpa não reside no fato de falta de sensibilidade que as pessoas têm. Mas o que está a acontecer é que alguns professores normalmente vêm dez minutos, 30 minutos depois de iniciar as aulas,” revela.

Consequencias para os alunos

Martins Alige
Martins Alige, diretor distrital de Educação de Inhassunge, na ZambéziaFoto: DW/Marcelino Muéia

As ausências e atrasos têm tido diversas consequências para os estudantes.

"Primeiro, desmoraliza os próprios alunos. Segundo, desativa a relação entre o professor e a comunidade. O professor não está na escola, [o aluno] está a esperar o professor. O professor não chega. São alunos da primeira e da segunda classe. O que fazem? Voltam para casa. Não têm interesse," avalia o responsável.

Ainda de acordo com Martins Alige, quando um professor falta, há um efeito sobre outras disciplinas. "Se for no ensino secundário, a ausência dele [professor]perturba o decurso normal das outras aulas dos que estão presentes," avalia.

Em Inhassunge, lecionam 800 professores. A maioria reside na cidade de Quelimane, a 30 quilómetros de distância. Mas, segundo Martins Alige, o fato de os profissionais viverem longe não pode ser motivo de faltas e atrasos constantes às salas de aula.

"Nós, na Educação, o nosso dever é mais social. Estamos a promover uma sociedade, amanhã, boa. E essa [sociedade] de amanhã só poderá ser vitoriosa, se ela dominar a ciência e a técnica. Isso cabe ao professor," diz.

Nem diálogo, nem informação

Schüler in Inhassunge Afrika Mosambik
Alunos da Escola Primária de Mucupia, em Inhassunge, na ZambéziaFoto: DW/Marcelino Muéia

Alguns professores de Inhassunge dizem que as novas regras do setor da Educação são infundadas e reclamam da falta de diálogo e informação.

Uma profissional ouvida pela DW-África, sugeriu ao diretor de Educação de Inhassunge "chamar os professores, sentar-se com eles e ouvir qual é o problema". "Então, depois, se não houver boa resolução, pode cancelar os salários," disse.

Um outro professor considerou a avaliação de Martins Alige como "não tão compatível - porque, primeiro, nem todos os professores tiveram a informação, o que não é muito bom. Cada um tem a sua justificativa. Então, não écompatível cortar o salário de um funcionário".

O professor tentou defender a si e aos colegas, alegando: "Quanto à participação, os professores participam. Agora, essa faltas, não sei."

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