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Uso de máscaras passa a ser obrigatório na Guiné-Bissau

Iancuba Dansó (Bissau)
11 de maio de 2020

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, prorrogou esta segunda-feira (11.05) o período de estado de emergência por mais 15 dias. O uso de máscara passou a ser obrigatório. Casos de Covid-19 subiram para 761.

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Foto: DW/B. Darame

Há 35 novos casos positivos registados e 26 pessoas recuperadas da Covid-19 na Guiné-Bissau. O país vai observar ainda mais dias de confinamento obrigatório, com a prorrogação, pela terceira vez, do estado de emergência, até 26 de maio. Mas agora há uma nova medida recomendada ao Governo: o uso obrigatório da máscara de proteção pela população.

O chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, defende a redefinição das estratégias para enfrentar a pandemia: "Devemos definir as estratégias e reorganizar para melhor enfrentar este combate, é esta a postura que devemos adotar face aos resultados obtidos nos últimos quinze dias. Porque não devemos baixar a guarda, sou obrigado a renovar, pela terceira vez, o estado de emergência em todo o território nacional."

O sociólogo guineense Infali Donque considera justa a renovação do estado de emergência, mas quer que se abrande algumas medidas: "Eu corroboro a prorrogação do estado de emergência, mas o Estado deve aliviar certos constrangimentos, sobretudo no que tem que ver com os transportes públicos e inovando desta vez com a obrigatoriedade de uso das máscaras, porque é um pouco paradoxal. Apesar do estado de emergência, os casos têm estado a aumentar de forma exponencial. O que está a falhar?"

Autoridades desacreditadas?

O que está a falhar são vários aspetos, a começar pela comunicação pública à população, sobre a pandemia.

Guiné-Bissau recebe carregamento de chá de Madagáscar

O médico Miguel Marçal da Silva é da opinião de que as medidas que estão a ser tomadas pelas autoridades sanitárias "não estão a favorecer, a começar pela forma como as mensagens passam para a população, que não acredita na credibilidade das informações vindas do porta-voz da comissão [interministerial]. Se não acreditar, automaticamente não vai acatar as medidas necessárias para se prevenir a coronavírus", explica.

"Outra coisa: os casos que são testados positivos, ao invés de serem enquadrados num centro de saúde para receber tratamentos, estão nas suas próprias casas. Isso é muito perigoso, porque vão entrar em contacto com os familiares e, automaticamente, vão passar os vírus para os familiares", sublinha ainda o médico.

Medicação só para sintomáticos

Enquanto uns testados positivos estão em suas casas, cerca de uma centena de pessoas, incluindo alguns membros do Governo infetados pelo novo coronavírus, continuam confinados num dos hotéis de Bissau. Os doentes são assintomáticos, pelo que não tomam nenhum medicamento - apenas lhes "medem a temperatura e a tensão", disse à DW África um dos infetados, que se encontra no hotel, mas que pediu para não ser identificado. 

Segundo informações apuradas pela DW África, nem aos doentes em quarentena no hotel, nem a ninguém está ser dado o medicamento tradicional importado de Madagáscar. O próprio primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, que anunciou ter-se curado da Covid-19 na semana passada, não consumiu o chá de Madagascar e explicou que a sua cura foi feita com base na medicina convencional e caseira, consumindo chá de alho, gengibre e limão.