Depois das eleições gerais de 23 de agosto, vive-se, em Angola, um "mal estar social" resultante da publicação dos resultados provisórios das eleições pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE). A declaração é de Dom José Manuel Imbamba, vice-presidente da Confência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), durante uma confêrencia de imprensa realizada esta quarta-feira (30.08), em Luanda.
"Estamos a sentir que as pessoas estão muito tensas, estão muito nervosas, querem mudanças imediatas", disse o Imbamba, ressaltando que "é preciso que a consciência social seja mais responsável e para não cairmos no imediatismo, sensacionalismo, para não cairmos nesta violência gratuita que muitos estão a fazer quer nas redes sociais quer nos meios de comunicação social".
Durante a apresentação da "Nota Pastoral sobre as Eleições de 2017", Dom José Manuel Imbamba, também arcebispo de Saurimo, na província da Lunda Sul, defendeu ainda a "aceitação dos resultados com serenidade".
Transparência
Os resultados provisórios já divulgados, que dão vitória ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) com 61% dos votos, têm criado divergências entre a CNE e os partidos políticos concorrentes. A oposição acusa o órgão eleitoral de "fabricar" dados, mas as autoridades refutam a acusação.
Dom José Manuel Imbamba é de opinião que "todo trabalho que a CNE está a fazer deve fazê-lo na máxima das transparencias tendo em conta as partes que estão em jogo para dissipar estas dúvidas que estão a se levantar".
Dilvugação dos resultados provisórios ocorreu quase 24 horas depois do encerramento da votação
O líder religioso também apelou as autoridades eleitorais para que obedeçam a legislação angolana, assegurando a credibilidade do processo eleitoral. "É preciso que os procedimentos sigam a letra da lei, porque se aquilo que ultimamente tem sido feito tivesse sido feito antes das suspeições todas, não estaríamos a nos fazer esse tipo de perguntas", disse Imbamba sobre as questões levantadas pelos partidos da oposição e os cidadãos sobre a apuração oficial dos votos.
Cobertura da imprensa angolana
O desempenho dos meios de comunicação social angolanos foi duramente criticado durante as eleições. Os observadores internacionais, como os da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) foram unânimes em afirmar que a cobertura da imprensa nacional deu mais espaço ao partido no poder do que aos da oposição.
A CEAST junta-se ao coro dos observadores e Dom Filomeno Vieira Dias, presidente da organização, lembra que "o jornalista não é um ativista".
"Houve por parte de alguns órgãos, sobretudo os estatais, o previligiar de uma candidatura, vocês conhecem qual. Quanto a outros orgãos de comunicação social, achamos que foram muito mais plurais, muito mais equilibrados, tudo mais não serve. O jornalista não é um ativista".
Relatório de observação eleitoral
A CEAST também observou as eleições gerais em Angola. Dom Dionisio Hessilinapo, bispo do Namibe, diz que a instituição vai apresentar nos próximos dias o relatório produzido pelos seus observadores eleitorais.
Depois da divulgação definitiva dos resultados, quye deve acontecer na próxima semana, o partido vencedor vai formar o Governo e os deputados eleitos tomarão posse na Assembleia Nacional como representantes do povo. A Igreja Católica em Angola espera que o próximo Executivo seja inclusivo.
"Para que quem governa, governe para o bem comum, para o bem de todos independentemente das cores partidárias. Para que primemos pela cidadania e não pela militância. Fazendo assim, consigueremos ultrapassar todos os problemas que nós temos", destacou o bispo do Namibe.
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Angola: Resultados por províncias
Total nacional: Vitória do MPLA
O MPLA vence as eleições gerais em Angola com 61,05% do total de votos e João Lourenço é eleito Presidente da República, segundo a CNE, numa altura em que estão apurados quase 99% dos votos. A UNITA obteve 26,72%, CASA-CE 9,49%, PRS 1,33%, FNLA 0,91% e APN 0,50%. Foram eleitos 150 deputados do MPLA, 51 da UNITA, 16 da CASA-CE, 2 do PRS e 1 da FNLA.
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Angola: Resultados por províncias
Bengo
MPLA 66,92%; UNITA 24,67%; CASA-CE 5,6o%; FNLA 1,24%; PRS 0,94%; APN 0,62%. O MPLA elege quatro deputados e a UNITA apenas um. (Foto: assembleia de voto em Luanda)
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Angola: Resultados por províncias
Benguela
MPLA 61,51%; UNITA 27,60%; CASA-CE 8,95%; PRS 0,90%; FNLA 0,62%; APN 0,42%. O MPLA elege quatro deputados e a UNITA apenas um. (Foto: ato de massas da CASA-CE em Benguela)
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Angola: Resultados por províncias
Bié
MPLA 57,44%; UNITA 38,26%; CASA-CE 1,79%; PRS 1,05%; FNLA 0,86%; APN 0,61%. O MPLA elege três deputados e a UNITA dois. (Foto: ato de campanha do PRS no Cuito)
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Angola: Resultados por províncias
Cabinda
É a província que apresenta os resultados mais equilibrados, com os dois principais partidos da oposição a terem mais votos juntos do que o partido que sem mantém no poder. MPLA 39,75%; CASA-CE 29,33%; UNITA 28,18%; PRS 1,05%; FNLA 0,90%; APN 0,78%. O MPLA e a CASA-CE elegem dois deputados cada e a UNITA apenas um.
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Angola: Resultados por províncias
Cuando Cubango
MPLA 73,20%; UNITA 21,53%; CASA-CE 2,87%; PRS 1,13%; FNLA 0,85%; APN 0,42%. O MPLA elege quatro deputados e a UNITA apenas um. (Foto: assembleia de voto em Luanda)
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Angola: Resultados por províncias
Cuanza-Norte
Aqui a CASA-CE surge na frente da UNITA: MPLA 77,59%; CASA-CE 10,48%; UNITA 7,91%; FNLA 1,89%; PRS 1,56%; APN 0,57%. O MPLA elege cinco deputados. (Foto: assembleia de voto em Luanda)
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Angola: Resultados por províncias
Cuanza-Sul
MPLA 76,46%; UNITA 14,70%; CASA-CE 5,97%; PRS 1,23%; FNLA 1,11%; APN 0,53%. O MPLA elege cinco deputados.
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Angola: Resultados por províncias
Cunene
MPLA 89,12%; UNITA 5,41%; CASA-CE 3,78%; PRS 0,81%; FNLA 0,57%; APN 0,30%. O MPLA elege cinco deputados. (Foto: Luanda, eleições 2012)
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Angola: Resultados por províncias
Huambo
MPLA 58,19%; UNITA 35,90%; CASA-CE 3,42%; PRS 1,21%; FNLA 0,77%; APN 0,50%. O MPLA elege três deputados e a UNITA dois. (Foto: registo eleitoral no Huambo, em março)
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Angola: Resultados por províncias
Huíla
MPLA 76,56%; UNITA 12,39%; CASA-CE 8,38%; PRS 1,24%; FNLA 0,95%; APN 0,47%. O MPLA elege cinco deputados. (Foto: João Lourenço durante a campanha no Lubango)
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Angola: Resultados por províncias
Luanda
Na província de Luanda, o partido no poder e o maior da oposição estão próximos. MPLA 48,17%; UNITA 35,44%; CASA-CE 14,64%; FNLA 0,76%; PRS 0,60%; APN 0,38%. O MPLA elege três deputados e a UNITA dois.
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Angola: Resultados por províncias
Lunda-Norte
Nesta província, a CASA-CE, o segundo maior partido da oposição, aparece em quarto lugar na votação. MPLA 66,66%; UNITA 22,93%; PRS 5,14%; CASA-CE 3,44%; FNLA 1,05%; APN 0,77%. O MPLA elege quatro deputados e a UNITA apenas um. (Foto: assembleia de voto em Luanda)
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Angola: Resultados por províncias
Lunda-Sul
Aqui o partido no poder vence com um diferença de menos de 5%. E a CASA-CE também aparece no quarto lugar, depois do PRS. MPLA 45,96%; UNITA 41,06%; PRS 9,62%; CASA-CE 2,11%; FNLA 0,79%; APN 0,47%. O MPLA elege três deputados e a UNITA dois. (Foto: centro de Saurimo)
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Angola: Resultados por províncias
Malanje
MPLA 76,53%; UNITA 10,78%; CASA-CE 8,88%; PRS 1,95%; FNLA 1,28%; APN 0,58%. O MPLA elege cinco deputados. (Foto: barragem hidroelétrica de Capanda)
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Angola: Resultados por províncias
Moxico
Aqui, mais uma vez, o PRS aparece em terceiro lugar, seguido pela CASA-CE em quarto. MPLA 74,48%; UNITA 18,90%; PRS 2,78%; CASA-CE 2,73%; FNLA 0,73%; APN 0,39%. O MPLA elege quatro deputados e a UNITA apenas um. (Foto: assembleia de voto em Luanda)
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Angola: Resultados por províncias
Namibe
No Namibe, a CASA-CE surge em segundo lugar na votação, mas o partido no poder tem maioria absoluta dos votos. MPLA 76,48%; CASA-CE 15,61%; UNITA 5,56%; PRS 1,07%; FNLA 0,73%; APN 0,54%. O MPLA elege quatro deputados e a CASA-CE um. (Foto: pavilhão multiuso do Namibe)
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Angola: Resultados por províncias
Uíge
MPLA 71,36%; UNITA 18,55%; CASA-CE 6,19%; FNLA 1,62%; PRS 1,50%; APN 0,78%. O MPLA elege quatro deputados e a UNITA um. (Foto: assembleia de voto em Luanda)
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Angola: Resultados por províncias
Zaire
MPLA 51,31%; UNITA 26,67%; CASA-CE 18,12%; FNLA 1,73%; PRS 1,21%; APN 0,96%. O MPLA elege três deputados, a UNITA e a CASA-CE apenas um. (Foto: oleodutos da Sonnagol na província do Zaire)
Autoria: Thiago Melo, gcs