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Bispos angolanos preocupados com "tensão" pós-eleitoral

30 de agosto de 2017

Confência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) apela para "aceitação dos resultados com serenidade" e pede transparência à CNE para garantir a credibilidade do processo eleitoral.

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CEAST talks about the post-electoral electoral environment in Angola
Foto: DW/M. Luamba

Depois das eleições gerais de 23 de agosto, vive-se, em Angola, um "mal estar social" resultante da publicação dos resultados provisórios das eleições pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE). A declaração é de Dom José Manuel Imbamba, vice-presidente da Confência  Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), durante uma confêrencia de imprensa realizada esta quarta-feira (30.08), em Luanda. 

"Estamos a sentir que as pessoas estão muito tensas, estão muito nervosas, querem mudanças imediatas", disse o Imbamba, ressaltando que "é preciso que a consciência social seja mais responsável e para não cairmos no imediatismo, sensacionalismo, para não cairmos nesta violência gratuita que muitos estão a fazer quer nas redes sociais quer nos meios de comunicação social".

Durante a apresentação da "Nota Pastoral sobre as Eleições de 2017", Dom José Manuel Imbamba, também arcebispo de Saurimo, na província da Lunda Sul, defendeu ainda a "aceitação dos resultados com serenidade".

Transparência

Os resultados provisórios já divulgados, que dão vitória ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) com 61% dos votos, têm criado divergências entre a CNE e os partidos políticos concorrentes. A oposição acusa o órgão eleitoral de "fabricar" dados, mas as autoridades refutam a acusação

Dom José Manuel Imbamba é de opinião que "todo trabalho que a CNE está a fazer deve fazê-lo na máxima das transparencias tendo em conta as partes que estão em jogo para dissipar estas dúvidas que estão a se levantar".

Angola erste Wahlergebnisse
Dilvugação dos resultados provisórios ocorreu quase 24 horas depois do encerramento da votaçãoFoto: DW/A. Cascais

O líder religioso também apelou as autoridades eleitorais para que obedeçam a legislação angolana, assegurando a credibilidade do processo eleitoral. "É preciso que os procedimentos sigam a letra da lei, porque se aquilo que ultimamente tem sido feito tivesse sido feito antes das suspeições todas, não estaríamos a nos fazer esse tipo de perguntas", disse Imbamba sobre as questões levantadas pelos partidos da oposição e os cidadãos sobre a apuração oficial dos votos.

Cobertura da imprensa angolana

O desempenho dos meios de comunicação social angolanos foi duramente criticado durante as eleições. Os observadores internacionais, como os da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) foram unânimes em afirmar que a cobertura da imprensa nacional deu mais espaço ao partido no poder do que aos da oposição.

A CEAST junta-se ao coro dos observadores e Dom Filomeno Vieira Dias, presidente da organização, lembra que "o jornalista não é um ativista".

"Houve por parte de alguns órgãos, sobretudo os estatais, o previligiar de uma candidatura, vocês conhecem qual. Quanto a outros orgãos de comunicação social, achamos que foram muito mais plurais, muito mais equilibrados, tudo mais não serve. O jornalista não é um ativista".

CEAST-Eleições - MP3-Mono

Relatório de observação eleitoral

A CEAST também observou as eleições gerais em Angola. Dom Dionisio Hessilinapo, bispo do Namibe, diz que a instituição vai apresentar nos próximos dias o relatório produzido pelos seus observadores eleitorais.

Depois da divulgação definitiva dos resultados, quye deve acontecer na próxima semana, o partido vencedor vai formar o Governo e os deputados eleitos tomarão posse na Assembleia Nacional como representantes do povo. A Igreja Católica em Angola espera que o próximo Executivo seja inclusivo.

"Para que quem governa, governe para o bem comum, para o bem de todos independentemente das cores partidárias. Para que primemos pela cidadania e não pela militância. Fazendo assim, consigueremos ultrapassar todos os problemas que nós temos", destacou o bispo do Namibe.