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Barragem do Inga: Falsa esperança para o povo congolês?

Philipp Sandner / António Cascais 10 de março de 2014

A falta de energia elétrica é um problema premente na RDC. Os promotores da gigantesca barragem hidroelétrica das cataratas do Inga prometem resolvê-lo em breve. Mas vozes críticas temem que benefícios tardem a chegar.

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Foto: picture-alliance/dpa

O problema da falta de energia elétrica não existe apenas na província, mas também na capital da República Democrática do Congo (RDC), Kinshasa. Devido à falta de eletricidade, as arcas frigoríficas deixam de funcionar e - por conseguinte - muitos alimentos estragam-se. A criminalidade também aumenta nas ruas que frequentemente ficam às escuras.

Segundo os defensores do mega-projeto, este irá melhorar o acesso à energia limpa e eficiente no continente e contribuirá de forma significativa para o desenvolvimento rumo a uma economia com baixa emissão de dióxido de carbono. A barragem será construída nas Cataratas Inga, onde o Rio Congo cai quase 100 metros e flui à velocidade de 43 metros cúbicos por segundo.

O custo da construção da Grande Inga chegará a 12 mil milhões de dólares, segundo fontes governamentais. Um terço dessa soma será suportado pelo Governo congolês, o resto por vários investidores e empresas de construção, sobretudo sul-africanos.

O Banco Mundial, o Banco de Desenvolvimento Africano, o Banco Europeu de Investimentos e várias companhias privadas do sector também já manifestaram o interesse em contribuir com generosas participações.

Críticos vs otimistas

Há também vozes críticas - sobretudo no Congo - que temem que os benefícios tardem a chegar, sobretudo para os consumidores pobres congoleses. Os críticos temem ainda que os investidores estrangeiros acabem por desviar em proveito próprio uma grande quantidade da energia gerada.

Vozes mais pessimistas afirmam que “a barragem do Inga não está destinada às comunidades africanas que estão às escuras”. Além disso, acrescentam, “os 500 milhões de pessoas aos quais se prometeu eletricidade continuarão no escuro”.

Ainda assim, Néné Mainzana, do Centro Congolês para as Tecnologias Inovativas, mostra-se otimista. “A barragem do Inga poderá ser uma grande obra. Uma grande contribuição da RDC para o fortalecimento das energias renováveis”, disse em entrevista à DW África.

“Possivelmente poder-se-á produzir energia limpa para todos os congoleses e, ao mesmo tempo, contribuir para por fim ao abate de árvores e à destruição das florestas tropicais congolesas”, defende ainda Néné Mainzana.

Infografik Geplante Stromtrassen für kongolesisches Inga-Staudammprojekt Portugiesisch
A barragem do Inga será a maior represa do mundo, segundo os defensores do projeto

Governo garante avanço do projeto

O Governo congolês, porém, não aceita o afro-pessimismo. “O projeto é mesmo para ir para a frente!”, garantiu já o primeiro-ministro congolês, Matata Ponyo. “O nosso Governo apoia esse projeto e vamos fazer tudo para que o projeto avance”, disse.

Para Matata Ponyo, o importante é “unir esforços e energias, para que isso de facto aconteça” e para que o país possa “enveredar pelo caminho do crescimento”, sublinha. “Temos que entrar na avenida do progresso e contribuir para o futuro de todo o continente africano”, defende o chefe do Governo congolês.

Trata-se de mais um mega-projeto que, por enquanto, apenas existe no papel. A barragem do Inga será a maior represa do mundo, segundo os defensores, e fará parte da iniciativa para estabelecer uma rede eléctrica que estimule o desenvolvimento económico e industrial no continente.

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