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Barack Obama termina périplo africano na Tanzânia

Marta Barroso1 de julho de 2013

O Presidente norte-americano já deu início à terceira e última etapa da sua viagem a África. Até quarta-feira (03.07), Barack Obama está na Tanzânia, onde aterrou esta tarde com a mulher Michelle e as suas duas filhas.

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Nesta visita à Tanzânia, Obama tem na agenda o lançamento de uma parceria comercial com ÁfricaFoto: Reuters

Barack Obama foi recebido esta segunda-feira pelo Presidente da Tanzânia, Jakaya Kikwete, na capital económica do país, Dar Es Salaam. Manteve depois conversações com as duas delegações empresariais – a americana e a africana.

À sua chegada, uma banda tocava, enquanto aqueles que o tinham ido esperar exibiam a bandeira norte-americana. A popularidade de que o Presidente dos Estados Unidos da América goza no país africano é óbvia: nas ruas da maior cidade do país, centenas de jovens vestiam t-shirts com a imagem do líder norte-americano e uma das principais artérias recebeu, já antes, o nome de Barack Obama.

Estreitar relações comerciais

Südafrika - Barack Obama in Kapstadt
Neste périplo por África, Barack Obama viaja acompanhado pela sua mulher, Michelle ObamaFoto: Reuters

Nesta visita à Tanzânia, a última das três etapas do seu périplo pelo continente, que termina esta quarta-feira (03.07), Obama tem na agenda o lançamento de uma parceria comercial com África, sobretudo focada nos países da África Oriental, nomeadamente Burundi, Quénia, Ruanda, Tanzânia e Uganda, uma região com cerca de 130 milhões de habitantes. O programa deverá fomentar o comércio entre estes países e os Estados Unidos.

O investimento norte-americano na Tanzânia e o comércio entre os dois países não é significativo. “Aqui na Tanzânia, não exploramos muito a Lei do Crescimento e Oportunidades para África (AGOA), aprovada pelo Congresso norte-americano em 2000, de assistência às economias da África subsaariana e de melhoria das relações económicas entre os Estados Unidos e a região”, explica o economista tanzaniano Ibrahim Lipumb.

“Poderíamos estar a vender muito mais produtos ao mercado americano. As empresas tanzanianas ainda não conseguem exportar os produtos nacionais para os Estados Unidos”, refere o economista, acrescentando que, no que toca à visita de Obama à Tanzânia, “trata-se, sobretudo, de expectativas, muito mais do que aspectos reais.”

Obstáculos físicos atrasam comércio

Entre os entraves ao comércio entre os países da África Oriental e os Estados Unidos que o programa deverá levantar estão obstáculos físicos que atrasam o transporte de bens. Como exemplo desses obstáculos, Michael Froman, o responsável pelo comércio da comitiva de Obama, mencionou o facto de a exportação de café do Ruanda levar 42 dias, enquanto a exportação do mesmo produto da Colômbia não passar dos 14 dias.

Barack Obama termina périplo africano na Tanzânia

Segundo Ibrahim Lipumba, as  relações económicas da Tanzânia com os Estados Unidos ainda são muito limitadas. Em 2012, a Tanzânia exportou produtos no valor de 66 milhões de dólares e importou de lá 220 milhões de dólares. No mesmo ano, exportou para a China 550 milhões de dólares. “Isto mostra que as nossas relações com a China são mais intensas do que com os Estados Unidos”, conclui o economista.

Luta contra a caça furtiva

Além de fomentar as relações económicas, a visita de Obama tem ainda o objectivo de dar início à assistência na luta contra a caça furtiva na região. O Departamento de Estado norte-americano deverá providenciar 10 milhões de dólares na formação das autoridades locais tanto no combate à caça de rinocerontes e elefantes como à venda destes animais.

Barack Obama Senegal Afrika-Reise Dakar
No Senegal, primeira etapa da sua visita a África, Obama (à esquerda) encontrou-se com o Presidente Macky Sall (à direita)Foto: Reuters

De acordo com um comunicado da Casa Branca, Obama deverá ainda participar numa cerimónia em memória dos cidadãos norte-americanos mortos em 1998, num ataque terrorista contra a embaixada norte-americana em Dar Es Salaam. No mesmo dia, 7 de agosto, também a Embaixada dos Estados Unidos em Nairóbi, no Quénia, foi atacada. Os autores estavam ligados a braços locais da Al Qaeda.

Interesse norte-americano por África

Para a cerimónia desta terça-feira é também esperado o antecessor de Obama, George W. Bush, presente na cidade para uma conferência sobre mulheres africanas. O facto de ambos os chefes de Estado estarem simultaneamente em Dar Es Salaam, disse já Ben Rhodes, o vice-conselheiro para a segurança nacional de Obama, transmite, “uma mensagem muito positiva de que os dois maiores partidos políticos dos Estados Unidos partilham o interesse pelo continente”.

Barack Obama / Südafrika / Kapstadt / Universität
Na Universidade do Cabo, na África do Sul, Obama anunciou a criação de um programa para formar jovens africanos nos EUAFoto: Reuters

Este interesse por África parece ser óbvio depois do anúncio de Obama, este domingo (30.06), de um plano de mais de 5 mil milhões de euros que terá como objetivo  duplicar o acesso à eletricidade na África subsaariana, onde mais de dois terços da população vivem sem luz. Na Universidade do Cabo, na África do Sul, Obama anunciou também a criação de um programa que visa formar, anualmente, 500 jovens africanos nos Estados Unidos.

Num discurso, o Presidente norte-americano incentivou os jovens a inspirar-se no percurso de Nelson Mandela e a contribuírem, assim, para o sucesso do continente africano. “O espírito de Mandela nunca poderá ser encarcerado, porque o seu legado está aqui para que todos o vejam. Está neste auditório. Jovens brancos, negros, indianos, tudo o que estiver no meio, a viver e estudar juntos numa África do Sul livre e em paz”, declarou Obama.