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Autoridades angolanas recuam na expulsão de populações do Lubango

25 de agosto de 2011

Expirou hoje o prazo dado a cerca de 750 famílias na cidade de Lubango, no sul de Angola, para abandonarem as suas casas. No seu lugar devia ser construida uma nova estrada. Mas, para já, a expulsão foi suspensa.

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O governo de Huíla recuou temporariamente da decisão de expulsar os moradores do bairro Arco Íris no Lubango. Ainda não se sabe qual será o próximo passo das autoridades

O administrador da cidade do Lubango já tinha notificado por escrito os residentes do bairro Arco Íris, também conhecido como bairro Dr. António Agostinho Neto, no centro da cidade. Agora, a explusão foi temporariamente suspensa devido, também, à intervenção de Marcolino Moco, antigo primeiro-ministro do país e advogado, que esteve em Lubango para se inteirar da situação e tentar mediar entre as populações e as autoridades locais.

A Deutsche Welle conversou com Moco para saber mais sobre a ação por ele desenvolvida:

Marcolino Moco: Tivemos êxitos nas nossas intenções. Eu fui ao Lubango na qualidade de advogado e tecnico jurídico das populações. Reuni com o arcebispo católico, com o MPLA, que continua a ser meu partido até hoje. Todos eles são contra estes atos que se têm praticado desde o ano passado. Mas eu pergunto-me como estamos tão insensíveis, que se permitiu por duas vezes situação semelhante e que agora está na iminência de se repetir.

DW: Fala-se em situações dramáticas das pessoas atingidas. O que viu concretamente?

MM: Vi coisas horriveis. E perguntei-me a mim próprio se este Estado angolano tem consciência do que é um ser humano, se este Estado está a ser dirigido por muitas pessoas que fizeram a luta de libertação nacional e que escorraçaram daqui o colonialismo. Pelo que me lembre nunca vi fato igual, pelo menos na região onde eu vivia.

DW: Acredita que estão criadas as condições para um reassentamento decente de modo a oferecer habitação alternativa e condigna às famílias?

MM: Não estão. Fui visitar o sítio que foi indicado pelo governo provincial para as populações viverem. Estava claro que tudo se repetiria, pela indicação de terrenos no mato, com a entrega de alguns montes de areia. Temos que nos congratular que o governador desta vez pelo menos refletiu e suspendeu o ato e prometeu-me que hoje, quinta-feira, iria dar uma conferência de imprensa a explicar as razões do adiamento. E eu disse-lhe, com firmeza, que ele vai adiar, mas nunca mais deverá acontecer situação semelhante. Porque eu afinal só tinha ouvido, e agora vi, como as populações viviam já há vários anos e foram obrigadas em nome desse humanistarismo falso a retirar-se em condições de indigência humana completa.

Autor: António Cascais
Edição: Nádia Issufo/Cristina Krippahl