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Aumenta endividamento de países em África

Daniel Pelz | ac
24 de outubro de 2018

O continente africano regista o nível de endividamento mais alto desde 2001. No Gana, a dependência externa é de quase 70% do PIB. E as soluções para a crise não são fáceis de encontrar.

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Foto: picture-alliance/dpa

O Gana é país que a princípio até goza de uma boa imagem no estrangeiro. Há alternância política, a democracia funciona minimamente e o Governo prioriza a independência da ajuda externa. Entretanto, a dependência do Gana do estrangeiro tem aumentado devido ao enorme endividamento externo, que é de quase 70% do produto interno bruto do país - muito acima dos 40% que o Fundo Monetário Internacional (FMI) considera aceitável.

Mas o Gana não é o único país nesta situação, afirma o diretor executivo do Banco Mundial, o alemão Jürgen Zattler, em entrevista à DW. "As coisas não estão a correr bem. O problema do endividamento voltou a agudizar-se nos últimos anos, depois de alguma evolução positiva, registada nos anos anteriores. 18 países africanos de baixos recursos voltaram a mergulhar em verdadeiras crises de endividamento ou estão muito perto dessa situação", diz.

"Situação difícil"

Jürgen Zattler,
O diretor executivo do Banco Mundial, Jürgen ZattlerFoto: Imago/M. Popow

De facto, segundo a organização britânica de luta contra os efeitos da dívida nos países em desenvolvimento, Jubilee Debt Campaign, a situação é difícil. O endividamento poderá ameaçar sobretudo os mais necessitados no continente africano.

O analista da rede africana para a pesquisa da dívida, AFRODAD, Tirivangani Mutazu, diz que a principal razão que levou ao aumento do endividamento no continente africano foi "a queda dos preços das matérias primas nos mercados internacionais, ou mesmo as extremas flutuações dos preços. Isto terá afetado um grande número das economias africanas, contribuindo para o aumento do défice orçamental".

Outro motivo é o enorme aumento do investimento público na maior parte dos países africanos. Os Governos apostam na construção de estradas, linhas férreas ou portos. Mas essas infraestruturas, muitas delas necessárias, custam bastante dinheiro. O instituto sul-africano para as relações internacionais estima que em África cerca de 93 mil milhões de dólares são gastos anualmente em projetos públicos de construção.

Aumenta endividamento de países em África

China, novo "player"

Neste contexto, surge um novo "player" nos mercados de capitais com alguma disponibilidade de emprestar dinheiro aos países africanos, afirma o diretor executivo do Banco Mundial. "Alguns países conseguiram ter acesso aos mercados de capitais depois de se terem desenvolvido positivamente. E isso contribuiu para que esses países tenham contraído dívidas a taxas de juros relativamente altas, sobretudo na China".

A facilidade de alguns Governos africanos em pedir dinheiro emprestado à China tem estimulado a tendência para o sobreendividamento. Mas isso pode constituir um risco para as economias, e sobretudo para as pessoas, no continente africano.

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