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Ativista pede à UE para investigar alegados abusos nas Lundas

Francisca Bicho24 de abril de 2013

Nesta quarta feira (24.04) no Parlamento Europeu, em Bruxelas, o jornalista angolano Rafael Marques apresentou, uma comunicação sobre as comunidades das Lundas na região diamantífera, em Angola.

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Rafael Marques - angolanischer Journalist, Blogger und Menschenrechtler Ort: Luanda, Angola Beschreibung: Der angolanische Journalist, Blogger und Menschenrechtler Rafael Marques. Er betreibt den Blog Maka Angola und hat zahlreiche Studien zu Menschenrechtsverletzungen in Angola veröffentlicht, unter andere zum Abbau von Diamanten in den Lundas im Ost-Angola (Buch "Diamantes de Sangue"). Sein Blog Maka Angola ist für den Preis Reporter ohne Grenzen der "The BOBs" 2012 nominiert. Fotograf: Maka Angola Eingereicht von Johannes Beck am 10.4.2012 Maka Angola ist die Webseite von Rafael Marques und die haben uns das Bild zur Verfügung gestellt, insofern sollte als Bildquelle die Seite "Maka Angola" angegeben werden Foto: Elin Høyland
Rafael Marques, jornalista e ativista angolanoFoto: Maka Angola

Incluído numa audiência sobre o impacto das indústrias extractivas sobre os povos indígenas, o jornalista e ativista angolano, Rafael Marques denunciou os abusos que estão a ser vividos no país e apelou por uma monitorização da União Europeia.

Recorde-se que Marques já chegou a ser condenado a 6 meses de prisão por ter escrito um artigo de denúncia e recentemente, viu o seu livro "Diamantes de Sangue", que conta assassínios e torturas na região diamantífera angolana, à beira de censura. Agora, o jornalista angolano Rafael Marques, que tem sido distinguido internacionalmente pelas denúncias de corrupção e violações dos direitos humanos em Angola, apresentou esta quarta feira (24.04) uma comunicação no Parlamento Europeu, em Bruxelas, sobre o impacto das indústrias extractivas nas comunidades das Lundas, em Angola.

Contraste gritante entre classes e os abusos que se vive nas Lundas

Promovido pela subcomissão parlamentar dos direitos humanos do Parlamento Europeu, na sua apresentação Marques falou do contraste gritante entre classes e dos abusos que se vive nas Lundas, região diamantífera, em particular. Começou a sua intervenção mostrando imagens de uma vítima de violência em Cuango, e acrescentou que este "acto criminoso faz parte da rotina sistemática de violações dos direitos humanos nos campos de diamantes em Angola."

Ana Gomes, eurodeputada portuguesa, disse em entrevista à DW África que “o facto de estar perfeitamente identificado o grande número de mortes, pessoas torturadas e direitos espezinhados, pelas companhias estrangeiras mas associadas a generais angolanos, figuras do Estado angolano na exploração das Lundas o processo de Kimberley, devia justamente tomar uma posição. Era suposto ser feito algo contra os abusos que são identificados”.

"O meu povo está a ser assassinado por pura ganância"

Livro "Diamantes de Sangue" do jornalista e ativista Rafael Marques
Livro "Diamantes de Sangue" do jornalista e ativista Rafael MarquesFoto: Tinta da China

Rafael Marques durante a sua intervenção afirmou que "hoje o meu povo está a ser assassinado por pura ganância". Apelou aos eurodeputados que não atribuam tanta credibilidade à governação angolana, porque nas palavras do ativista, estes compactuam com as violações dos direitos humanos no país, e Ana Gomes concorda com a descredibilização do executivo de Luanda e destacou que “Angola está ainda muito abaixo na lista, e não é por Angola ser um país pobre. Tem fabulosos recursos e hoje já vive em paz. Um grande desenvolvimento verificou-se em Angola graças à paz, mas também à conta de um aumento das desigualdades. Os ricos fabulosamente ricos a estragar e a desperdiçar recursos e os pobres continuando pobres. Basta ver que 85% da população angolana não tem água corrente e portanto a desculpa da guerra já não serve! O que Angola tem é um problema de má governação”, concluiu a eurodeputada Ana Gomes.

Processo de Kimberley parece ter perdido a sua credibilidade

O ativista e jornalista angolano, acrescentou que o processo de Kimberley, o regulador mundial encarregue de lutar contra a comercialização dos diamantes de sangue, parece ter perdido a sua credibilidade e o seu objectivo. Afirmou que "Estes diamantes de sangue devem ser impedidos de entrar nos mercados internacionais, algo que o processo de Kimberley está a ignorar". Para a eurodeputada, estas questões são de essencial relevância para a União Europeia.

Segundo a eurodeputada Ana Gomes, tudo isso está ligado “ao respeito pelos direitos humanos, se prende com pôr cobro à corrupção que faz desviar somas faraónicas do investimento no desenvolvimento e também nas cumplicidades que se verificou a nível global para a diversificação desses fundos do investimento. E Ana Gomes vai mais longe quando afirma que o esquema de contas off-shore, depósitos em paraísos fiscais e branqueamento de capitais "esses esquemas de corrupção que envolvem frequentemente países membros da União Europeia, aparecem nesses circuitos quer como os seus bancos sendo objectos de depósito quer funcionando como paraísos fiscais e máquinas para branqueamento de capitais".

Ana Maria Rosa Martins Gomes, better known as Ana Gomes, GCC , (Lisbon, 9 February 1954) is a Portuguese politician, who suspended her career as a diplomat to enter party politics in 2003. In 2004, she was elected as a Member of the European Parliament (Portuguese Socialist Party[1] member of the European Socialist Party) and was reelected in June 2009. She is married with one daughter, three stepchildren and six grandchildren. http://en.wikipedia.org/wiki/Ana_Maria_Gomes
EU Parlamentarier - Ana Maria GomesFoto: CC-BY-Security & Defence Agenda

O ativista Rafael Marques, apelou à União Europeia à monitorização da região e pediu o envio de uma equipa de investigação à zona diamantífera, a fim de garantir os direitos humanos.

Ativista pede à UE para investigar alegados abusos nas Lundas