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Ativista angolano pede ajuda para custos hospitalares

Helena Ferro de Gouveia22 de agosto de 2016

Em Angola a luta dos ativistas continua e a violência da Polícia Nacional também. Este sábado (20.08) uma manifestação contra o Presidente Eduardo dos Santos foi reprimida fazendo alguns feridos.

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Jovem ativista em LuandaFoto: Getty Images/AFP/S. de Skutin

No sábado (20.08) um grupo de "revus", como em Angola são conhecidos os jovens "revolucionários", e outros ativistas manifestavam-se pacificamente em Luanda contra o que dizem ser a “ditadura de José Eduardo dos Santos”. A marcha foi reprimida pela polícia nacional e fez feridos. A DW África conversou com Chinguar, um dos ativistas, que ficou ferido com alguma gravidade numa perna.

DW África: O que é que se passou exactamente no sábado?

Chinguar(C): Nós estavamos a manifestar-nos [para exigir a libertação de Francisco Mapanda "Dago Nível", como é conhecido. O jovem está preso desde 28 de março, por ter dito que o julgamento dos 15+2 era uma "palhaçada"] . Entramos no largo 1 de maio de forma calma. Tudo pacificamente. E de repente a polícia apareceu com um grande aparato, com cães, e cairam em cima de nós a bater-nos.

DW África: E como reagiram?

C: Levantámos as mãos em sinal de paz. Continuamos a marchar e a falar alguns dizeres e eles a baterem . Nós sempre de mãos levantadas e a falar "matem", "matem, vocês é que sabem". Reclamar neste país é crime. A dada altura eles soltam os cães. Um dos cães mordeu-me ao lado da coxa. Comecei a gritar "ai,ai, ai". Parou uma senhora e disse de boa fé: "isso é desumano". Tentou acudir. A polícia deu-lhe chapadas e meteu-a na carrinha. A nós empurraram-nos para dentro do carrro patrulha e deixaram-nos ao pé do hospital dos queimados. Ainda pensei que me iam levar ao hospital para ser tratado, mas não.

Sem dinheiro para o tratamento médico

Portugal Demo Lissabon - angolanische Aktivisten
Manifestação em Lisboa pela libertação dos ativistas angolanosFoto: DW/J. Carlos

DW África: Então ?

C: Fiquei ali. Depois liguei aos companheiros que me levaram a casa. Os meu irmãos transportaram-me ao hospital . O hospital recusou-se a tratar-me e enviou-me para a clínica. Lá disseram-me:"tem que pagar um adiantamente de cem mil kwanzas". Eu não tenho essa possibilidade. Então os meus irmãos foram à farmácia e comparam alcool e betadine e trataram da ferida. Um médico amigo deu-e uma injeção contra a raiva. Mas tenho muitas dores. Se alguém me pudesse ajudar a pagar o tratamento.

DW África: O que é que vocês ativistas pretendem continuar a fazer?

C: Nós vamos protestar até ao fim da ditadura, porque nós estamos em paz. A governação do nosso Presidente José Eduardo dos Santos não é satisfatória. A população está muito irada com ele. As pessoas têm medo das represálias ou de perder a vida ou de ser sequestrado. Nós como ainda temos assim aquele sangue fresco, aquela coragem de tentar enfrentar mesmo com aparato policial, mesmo com armas, mesmo com cães. Até morrer vamos bater na mesma tecla: ficarmos livres de José Eduardo dos Santos.

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