1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Pemba: Professores deslocados pedem terrenos para construção

23 de agosto de 2020

Membro da Comissão política da FRELIMO visitou, este sábado (22.08), distritos de Cabo Delgado onde se concentram grande parte dos deslocados. Professores deslocados pediram terrenos para construção de abrigos.

https://p.dw.com/p/3hMoO
Mosambik | Vertriebene Lehrer | Pemba
Professores pedem ao governo a concessão de terrenos para construção de abrigos temporários Foto: DW/D. Anacleto

Vários professores deslocados devido aos ataques armados que têm assolado a província moçambicana de Cabo Delgado pediram, este sábado (22.08), ao governo, a concessão de terrenos para a construção de abrigos temporários. O pedido foi feito a Tomás Salomão, membro da Comissão política da FRELIMO, partido no poder, que escalou aquela província do norte do país para se inteirar da situação atual da população e das consequências deixadas pelos ataques armados.

Se já nos seus distritos de origem, a tarefa de cobrir as despesas fixas da família constituía um desafio enorme para os professores, agora que vivem na condição de deslocados, o peso é ainda maior. Vasco Racuela é professor e, antes de se deslocar para Pemba, exercia as suas funções no distrito de Mocimboa da Praia. Decidiu vir para Pemba à procura de sossego, conta à DW.

"Estar aqui em Pemba implica redobrar esforços, alugar casa, [pagar] energia, pagar água… sabemos muito bem que os preços de alimentação estão sempre a subir. Então, é uma ginástica muito difícil", conta.

Mosambik | Vertriebene | Metuge (DW/D. Anacleto)
Membro da Comissão Política da FRELIMO diz ter encontrado situações preocupantes Foto: DW

Pensamento semelhante partilham muitos outros quadros do setor da educação, que defendem que a construção de abrigos temporários, enquanto aguardam pelo restabelecimento da estabilidade, seria uma medida que permitiria descongestionar as casas dos familiares que os têm acolhido e minimizar os custos, no caso daqueles que estão a viver em casas arrendadas.

"Pedimos o apoio do governo, bem como do município de Pemba, no sentido de localizar espaços e fazer uma redistribuição para uma reintegração ou aquilo a que nós chamaríamos de inclusão social", explica Vasco Racuela.

Por seu lado, Paulo Zeca, funcionário público, questiona o porquê de tamanha destruição no seu país e exige uma investigação que traga respostas concretas. "O que está a ser feito lá, ouvindo de longe, podemos considerar como uma situação normal ou que tem menos peso. Mas na realidade são infra-estruturas, escolas, hospitais, bancos destruídos. Todos os distritos arrasados e nós todos na situação que nos encontramos, sentados sem trabalhar…portanto, é uma situação que deveria ser analisada profundamente para sabermos por que é que acontece".

À população, Tomás Salomão, membro da Comissão Política do partido no poder no país e antigo secretário executivo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), assegurou que o governo de Moçambique está a trabalhar para melhorar a situação de segurança nos locais assolados por insurgentes.

Mosambik | Tomas Salomao | FRELIMO
Tomás SalomãoFoto: DW

Em relação ao pedido de talhões para a construção de habitações provisórias dos professores, Tomás Salomão prometeu encaminhá-lo às entidades locais para que se encontre uma solução. 

Situações preocupantes

Depois da visita efetuada a Metuge e Pemba, distritos que concentram grande número de deslocados, o membro da Comissão Política do partido no poder diz ter encontrado situações preocupantes que, no seu ponto de vista, devem ser atendidas com urgência.

"Ali onde estivemos em Metuge, as nossas mães, irmãs e crianças estão a dormir no chão. Quando digo chão, estão a dormir na areia, e é possível mobilizar meios para se adquirirem esteiras para que as crianças não durmam na areia", disse.

Tomás Salomão disse ainda que o que está a acontecer em Cabo Delgado é um problema de todos e apelou ao espírito solidário "característico" dos moçambicanos. "Aqueles que em casa têm uma camisa ou calças a mais, têm sapatos que não usam ou bens que não necessitam, lembrem-se, em primeiro lugar, de vocês [deslocados]" .

Segundo o mesmo político, devem ser proporcionadas mais tendas e meios de produção de comida, como enxadas, catanas e sementes.

Bispo de Pemba: "Estou tranquilo"

Saltar a secção Mais sobre este tema