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As ONG transformaram-se em multinacionais de causas

24 de janeiro de 2012

As organizações da sociedade civil começaram por ser observadoras de realidades locais e regionais. Questões sociais e ambientais estavam no centro das suas preocupações iniciais. Hoje as ONG são lobbys à escala mundial.

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Questões sociais e ambientais estavam no centro das suas preocupações iniciais das ONG
Questões socio-ambientais estavam no centro das suas preocupações iniciais das ONGFoto: AP

Greenpeace, Amnistia internacional, WWF ou Oxfam são sinónimos de luta pela preservação do meio-ambiente e pela defesa dos direitos humanos. Tornaram-se em marcas com tanta notoriedade como Mercedes ou Airbus.

Actualmente, estas multinacionais de causas ambientais e humanitárias assentam o seu poder na independência que têm face aos partidos políticos, sublina Pablo Solon, antigo embaixador da Bolívia nas Nações Unidas. “Os governos pensam nas próximas eleições, não no futuro da humanidade e da natureza. Se queremos mudar alguma coisa temos que apoiar desenvolvimento de organizações da sociedade civil pois elas têm um papel muito importante.”

O navio da Greenpeace, Rainbow Warrior III
O navio da Greenpeace, Rainbow Warrior IIIFoto: picture-alliance/dpa

Crescente influência

Também Nick Nuttall, porta-voz do UNEP, o programa ambiental da ONU, partilha desta opinião. A sua influência, nos últimos anos, por exemplo, tem sido notória nos processos de decisão no seio das Nações Unidas em matéria de políticas de paz, de defesa do ambiente e contra o aquecimento global.

Para este papel decisivo das ONG em termos institucionais, foi muito importante que a ONU lhes tivesse concedido, em 1992, o estatuto de conselheiras, aponta Nick Nuttall. “Penso ser evidente que, na conferência RIO+20, em junho deste ano, duas décadas depois da cimeira da terra naquela cidade brasileira, as ONG e a Economia vão desempenhar um papel crucial. Já não vivemos num mundo em que os governos possam decidir sozinhos sobre o nosso futuro.”

Nestes grandes eventos mundiais, as organizações não governamentais usam o seu poder e margem de manobra nas fases preparatórias e durante as negociações. Organizações como a Greenpeace desempenham o papel de conselheiras de pequenos países nas negociações sobre as mudanças climáticas, por exemplo.

Sven Harmeling da Germanwatch, que lidera a equipa internacional especializada em questões climáticas, explica como essa cooperação é frutuosa. “Nalgumas áreas, as ONG têm capacidade para escolher os temas a serem debatidos. Por isso elas produzem muito material para reflexão e discussão durante o processo negocial.”

Ações espetaculares ao serviço das causas

Muitas vezes, o trabalho das ONG nestes domínios não é espetacular como algumas das ações levadas a cabo pela Global Witness. A sua perseverança e empenhamento consistente levou os multimilionários consórcios industriais da indústria de diamantes a emitirem um certificado de origem para impedir que o dinheiro obtido com a exploração diamantífera ilegal servisse para financiar a compra de armas em África. Foi a sua determinação que ajudou à criação dos chamados certificados de Kimberley.

A Greenpeace, em 1995, com uma das suas muitas ações mediáticas obrigou as petrolíferas Shell e Esso a adoptarem práticas amigas do ambiente no tratamento dos resíduos de alguns dos seus hidrocarbonetos.

Autores: Viktoria Kleber/ Pedro Varanda de Castro
Edição: Helena Ferro de Gouveia/António Rocha

Uma imagem da cimeira do clima em Cancun
Uma imagem da cimeira do clima em CancunFoto: AP