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A queda do ministro dos Transportes de Moçambique

14 de junho de 2022

Analista ouvido pela DW acredita que a exoneração do ministro dos Transportes e Comunicações está relacionada com uma série de crises. Linhas Aéreas de Moçambique, empresa Tmcel e cartas de condução são alguns exemplos.

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 Verkehrsmittel in Maputo, Mozambik
Foto: DW/R. da Silva

O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, exonerou esta segunda-feira (13.06) o ministro dos Transportes e Comunicações, Janfar Abdul, e a sua vice, Manuela Ribeiro.

O governante não resistiu às muitas crises que foram parar à sua secretária. Uma delas tem que ver com os problemas na emissão de cartas de condução, que se prolongam há meses.

A 15 de fevereiro, o porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, já havia chamado a atenção para a necessidade do Instituto Nacional de Transportes Rodoviários (INATRO) tomar medidas sobre o problema das cartas de condução.

"Inclusive que o INATRO encontrasse imediatamente soluções para prestação de serviços aos cidadãos. O cidadão não pode e nem precisava saber que há problemas de contratação ou não com o provedor da carta", destacou na altura.

Mas, de acordo com o advogado Elvino Dias, a crise das cartas de condução terá sido a gota de água. A emissão das cartas ficou suspensa durante duas semanas, e o preço aumentou o equivalente a cerca de 8 euros para mais de 30 euros.

Muitos moçambicanos recorrem a veículos de caixa aberta para viajar
Muitos moçambicanos recorrem a veículos de caixa aberta para viajarFoto: DW/R. da Silva

Desvios na Tmcel

Além disto, houve também problemas na operadora de telecomunicações estatal Tmcel.

Há dois meses, Mohamed Rafique Mohamed, o presidente do conselho de administração da Tmcel - tecnicamente falida devido a um suposto desvio de mais de 47 milhões de dólares -, veio a público anunciar uma reestruturação dos recursos humanos.

"Nós neste momento temos mais custos do que receitas e esta é uma fórmula para o fracasso. Temos de inverter este cenário urgentemente. Até 2022, temos de ter mil trabalhadores a menos", alertou então.

São dossiers que, aos olhos do advogado Elvino Dias, terão levado à exoneração do ministro Janfar Abdul.

A companhia aérea LAM está tecnicamente falida
A companhia aérea LAM está tecnicamente falidaFoto: Johannes Beck/DW

Problemas na LAM

Sem contar com os problemas nos transportes públicos, que fazem com que muitos moçambicanos recorram a veículos de caixa aberta para se movimentar, os chamados "my love". E já para não falar da falência técnica das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM).

"Temos uma instituição de bandeira nacional que que veio publicamente declarar que está tecnicamente falida. Ora, se olharmos para estes dois vetores, por um lado a LAM e por outro o caos que se vive nestes "my love", concluímos claramente que o ministro não conseguiu responder às expetativas que o povo criou", diz Elvino Dias.

"O que não se justifica que um Estado que prima pelo chamado bem-estar social das pessoas. Estávamos perante um ministro que estava a ocupar uma pasta e nem se quer sabia o que estava a fazer naquela pasta", conclui o advogado.

Num outro despacho, divulgado esta segunda-feira (13.06), o Presidente Filipe Nyusi nomeou Mateus Magala como o novo ministro dos Transportes e Comunicações.