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"Precisamos de pensar rápido e fazer rápido", Armindo Ngunga

Nádia Issufo
28 de abril de 2021

Como o novo responsável da Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN), Armindo Ngunga está ciente de que a rapidez é um dos fatores determinantes para o sucesso das ações da agência no norte de Moçambique.

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Armindo Ngunga I Provinzstaatssekretär in Cabo Delgado
Armindo NgungaFoto: DW

Armindo Ngunga deixa o cargo de secretário de Estado da província de Cabo Delgado para liderar a Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN),  uma entidade estatal moçambicana, pensada para socorrer as províncias da região norte do país, assoladas por conflitos e pobreza.

Ngunga está ciente de que a rapidez é um dos fatores determinates para o sucesso das ações dessa agência, numa altura em que as investidas terroristas ganham cada vez mais sofisiticação.

Em entrevista à DW, Armindo Ngunga sublinha, por exemplo, a necessidade de se aprimorar as infraestruturas rodoviárias "para unir melhor a região". 

Mosambik Flüchtlinge aus Palma in Pemba
ADIN tem vindo a ser criticada pela inoperância no terreno na região norte do paísFoto: DW

DW África: A sua experiência em lidar com situações difíceis, como deslocados internos e todo o contexto ligado ao terrorismo no norte de Moçambique, dá-lhe certa vantagem para liderar a ADIN?

Armindo Ngunga (AN): Não sei se dá vantagem, mas pelo menos tenho algum conhecimento que me permite pensar todos os assuntos de desenvolvimento no contexto em que nos encontramos. Na verdade, hoje o terrorismo é um grande problema para o nosso desenvolvimento. A minha intenção é de encontrar meios estratégicos que permitam que as pessoas fiquem felizes, pelo menos reduzir as causas de alguns dos descontentamentos através de projetos estruturantes que permitam que as pessoas estejam preocupadas com as próprias vidas e não com a vida dos outros.

DW África: A experiência é, obviamente, um capital de relevo, mas não é tudo. É preciso também ter políticas para lidar melhor com a situação em Cabo Delgado e também meios financeiros e materiais. Como é que isso deverá ser conjugado para Cabo Delgado, a curto prazo, e tomando em conta as condições difíceis que Moçambique vive em termos financeiros?

AN: É por isso que mantemos o contacto com apoio de meios internacionais, sobretudo no que diz respeito a recursos financeiros. No que diz respeito à política, esses conhecimentos existem, nós vamos fazer um diagnóstico atualizado da situação que se vive hoje para ver se, com base nisso, desenhamos políticas condizentes com as exigências da situação das três províncias: Niassa, Nampula e Cabo Delgado. Eu conheço a região, os distritos, ou quase todos, mas nunca é demais.

Depois disso, temos de ver os projetos urgentes, projetos estruturantes, inter-provinciais e intra-provinciais. Intra-provinciais são aqueles que ligam as três regiões, o conceito de uma região, uma região desenvolvida, onde o processo de desenvolvimento está equilibrado e, ao mesmo tempo, assuntos particulares da província onde poderemos encontrar esse ponto de equilíbrio.

Coisas como infraestruturas rodoviárias, é um assunto muito sério que precisamos aprimorar para unir melhor a região e para encontrarmos forma de cada província poder ser acesssível no seu interior. Políticas são importantes, mas os recursos têm de estar disponíveis e aí temos de recorrer a associações internacionais, os parceiros, a ver se podem apoiar pelo menos numa primeira fase.

Mosambik Cabo Delago nach Hurrikan Kenneth
Deslocados internos enfrentam graves problemas de reassentamentoFoto: DW

DW África: Uma das coisas que se espera da ADIN é rapidez se tomarmos em conta a sofisticação que carateriza, cada vez mais, os terroristas e a questão do aliciamento dos jovens. É um desafio para a ADIN. Está preparada ultrapassar esse desafio com a rapidez que se pede?

AN: Estou aqui há 15 meses, em Cabo Delgado, e agora estou a perceber que, de facto, a rapidez é muito importante. Nós precisamos de saber o que é que, com alguma urgência, tem de ser feito em relação aos jovens, mas, ao mesmo tempo, o que tem de ser feito naquilo que seja sustentável. Na questão dos deslocados, por exemplo, que é um assunto de hoje, um assunto premente, nós vemos que afinal é possível fazer alguma coisa com alguns recursos.

Por exemplo, nós decidimos desenhar uma aldeia modelo de desenvolvimento integrado no país, através de uma aldeia que estamos a construir para a comunidade dos deslocados. Ainda tem que se fazer algum trabalho para que as pessoas se sintam bem, acomodadas, não facilmente aliciadas, se sintam com algum futuro, possam olhar para a frente com positivismo. Acho que é possível, sim, fazer-se alguma coisa, precisamos de força e de pensar rápido e fazer rápido. Penso que envolvendo a juventude é capaz de ser possível.

DW África: A ADIN tem sido acusada de inoperância desde a sua criação. Como pretende acabar com essa má imagem?

AN: Talvez as pessoas criaram muita expetativa em relação ao que a ADIN é ou era na sua criação. A ADIN foi criada como instituição de desenvolvimento, mas não estavam disponíveis ao mesmo tempo recursos para começar a andar. Então, esse é um elemento importante que pode ter determinado que a ADIN funcionasse nos primeiros tempos da forma como funionou. Mas não há dúvidas que temos de andar depressa, vamos ver se com os recursos diponíveis podemos fazer alguma coisa que possa mostrar o que estamos a fazer, que possam saber quais as nossas intenções, em função do que tivermos. Vamos fazer em função das nossas capacidades, mas vamos andar e vamos ver como podemos fazer para mudar a imagem da ADIN daqui em diante.

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