1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

"Queremos nosso dinheiro" exigem os trabalhadores da SGO

Lusa | ar
21 de janeiro de 2019

Trabalhadores da empresa angolana de transportes rodoviários (SGO), manifestam-se contra a falta de salários e pedem a "intervenção das autoridades".

https://p.dw.com/p/3Bufc
Stau in Luanda Angola
Foto ilustrativa: Uma rua da cidade de LuandaFoto: DW

Cerca de cem trabalhadores da empresa angolana de transportes rodoviários (SGO), paralisada desde junho de 2018, manifestaram-se esta segunda-feira (21.01.) contra a falta de salários, nalguns casos há mais de ano e meio, e o pagamento de indemnizações pedindo a "intervenção das autoridades".

Concentrados frente à sede da empresa Suninvest, afeta à transportadora, no centro de Luanda, os trabalhadores relataram várias dificuldades, afirmando estarem "cansados das promessas de Ismael Diogo da Silva", presidente da mesa da assembleia geral da empresa e da  Fundação Eduardo dos Santos (FESA), do antigo Presidente angolano.

"Queremos o nosso dinheiro", era a frase de ordem dos manifestantes, que expressaram ainda a sua indignação em cartazes com dizeres "SGO - FESA ninho de marimbondo Suninvest".

"Desconfortados e agastados"

O coordenador da comissão representativa dos trabalhadores da SGO, António João Alexandre, contou à agência de notícias Lusa que os mais de 600 funcionários estão "desconfortados e agastados" com o "silêncio da entidade patronal", pelo que decidiram avançar para este protesto."Estamos numa fase de liquidação do grupo SGO, mas o empregador não tem cumprido os prazos. Já tivemos a prorrogação sucessiva dos prazos acordados para o pagamento e isso causa desconforto aos trabalhadores, uma vez que se acordou que o pagamento final seria a 31 de dezembro", disse.

Angola Prekäre Straßen von Lubango
Foto ilustrativa: Uma estrada no LubangoFoto: DW/A. Vieira

Os trabalhadores, acrescentou, "viram que decorrido este prazo, o empregador não deu outro elemento que sustentasse a prorrogação da data".

Dinis Manuel Ngunza, que diz estar sem salários desde 2017, acusou mesmo a direção da empresa de estar a faltar com a verdade, mentindo aos trabalhadores, e relatou enfrentar dificuldades para sustentar a família e pôr os filhos no escola.

"O patrão não me paga desde o mês de agosto de 2017, vem sempre mentindo. Já nos manifestámos, garantiu em novembro que pagaria até 31 de dezembro, mas até hoje não pagou", indicou.

"Violação os direitos humanos"

Para o funcionário da transportadora rodoviária, o silêncio dos membros de direção e da respetiva mesa da assembleia geral, liderada pelo presidente da FESA, "é uma clara violação dos direitos humanos"."E estamos assim, há dois anos que a minha filha não estuda, não consigo pagar a eletricidade em casa. É triste", lamentou.

Angola qualmende Erdölraffinerie Luanda
Foto: picture-alliance/dpa/W. Langenstrassen

Por sua vez, Jorge da Cunha, também funcionário da empresa, exige à direção da empresa o "cumprimento das promessas", feitas em setembro e novembro de 2018, de que os salários em atraso e as respetivas indemnizações seriam liquidados em dezembro.

"Por favor, senhor presidente, deve cumprir com aquilo com aquilo que acordou com os trabalhadores. E pedimos também a intervenção da sociedade civil porque o senhor presidente [Ismael Diogo da Silva] não pode pisar as leis da República de Angola", apontou.

Segundo os trabalhadores, devido a dificuldades técnicas e financeiras, a direção da SGO paralisou a frota de autocarros em junho de 2018 e em agosto suspendeu definitivamente todos os trabalhos.

Paulina Cambuta afirmou que a falta de salários "complica diariamente" a sua vida, afirmando estar a "sobreviver graças a alguns biscates", porque, realçou, "não está fácil".

"Estamos a manifestar-nos pelos salários e das indemnizações que até hoje não nos pagam. A direção disse que poderia pagar no fim do ano passado, mas passado esse tempo até agora não dizem nada. O dia-a-dia em casa é complicado", lamentou.