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EducaçãoAngola

Angola: Prossegue braço de ferro entre professores e Governo

30 de novembro de 2022

Terminou hoje a primeira fase da greve dos professores do ensino geral em Angola, e o SINPROF ainda não falou com o Governo. O encontro entre o Ministério da Educação e o sindicato está agendado para esta quinta-feira.

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(Foto de arquivo)Foto: António Ambrósio/DW

O encontro desta quinta-feira (01.12) entre o Sindicato Nacional dos Professores (SINPROF) e o Ministério da Educação deverá ditar o fim ou a continuação da greve nas escolas públicas de Angola.

Se as duas partes não chegarem a acordo, os professores deverão voltar à greve entre 6 e 16 de dezembro.

Em declarações à DW África, o presidente do SINPROF, Guilherme Silva, afirma que, para já, o Governo não tem demonstrado interesse em garantir dignidade à classe docente.

O sindicalista acusa o Ministério da Educação de falta de "bom senso" face à "condição de indigência a que os professores foram votados". Atualmente, um professor ganha em média 80 mil kwanzas por mês, cerca de 151 euros. É um "salário de miséria", acrescenta Guilherme Silva.

Más condições nas escolas

Os professores também estão preocupados com as condições nas escolas e o aproveitamento dos alunos. Entre outros pontos, Guilherme Silva mostra-se preocupado com a falta de merenda escolar. E lamenta que, em Angola, ainda haja muitos alunos a estudarem debaixo das árvores.

"Alguns sentam no chão, os outros sentam em algumas latas ou troncos. São estas questões que estamos a [denunciar] 47 anos depois da independência", frisou o sindicalista.

O SINPROF defende mais investimentos no setor da educação. O peso do setor ronda, neste momento, os 13,5% no Orçamento Geral do Estado. O sindicato pede uma subida para 20% já no próximo ano.

Escola primária na província do Cuando Cubango
Professores queixam-se da falta de condições para os alunosFoto: Adolfo Guerra/DW

"Se há dinheiro para dar orçamentos adicionais ao Parlamento e noutras áreas, e o preço do petróleo está acima do previsto, há dinheiro para pagar bem ao professor e para as crianças terem dignidade na escola e aprenderem bem", comenta o presidente do SINPROF.

Outro dos problemas, segundo Guilherme Silva, é que vários governantes e deputados "não têm interesse" em melhorar as condições nas escolas públicas por serem donos de grande parte dos colégios privados na capital angolana, Luanda. "E não têm interesse que as pessoas aprendam bem".

Ministério chega a acordo com outra agremiação

Entretanto, na segunda-feira, o Ministério da Educação e a Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores da Educação, Cultura, Desporto e Comunicação Social - que representa parte da classe dos professores e trabalhadores administrativos das escolas - assinaram um acordo para a suspensão da greve, convocada para dia 6 de dezembro.

Em declarações à Televisão Pública de Angola, a ministra da Educação disse que houve consenso em torno da melhoria das remunerações e condições de trabalho, particularmente para os professores que trabalham nas zonas mais recônditas do país.

"Outra questão que ficou acordada aqui é o processo de monitorização de promoção dos professores por causa das habilitações adquiridas e por causa do tempo de serviço", adiantou Luísa Grilo. E "chegámos a consenso [sobre] os pagamentos de direção e chefia, para ver a possibilidade de se aumentar a percentagem que hoje praticamos".

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