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ReligiãoAngola

Dirigentes da IURD acusados de branqueamento de capitais

Lusa
7 de maio de 2021

Quatro dirigentes da ala brasileira da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola, incluindo o ex-representante máximo, são acusados dos crimes de branqueamento de capitais e associação criminosa, informou o SIC.

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Foto: B. Ndomba/DW

Além de Honorilton da Costa, entre os acusados estão ainda o ex-diretor da Record TV Africa, Fernando Henrique Teixeira, o bispo António Correia da Silva e o pastor Valdir Sousa dos Santos.

Segundo o comunicado do Serviço de Investigação Criminal (SIC), o processo resulta das denúncias subscritas por mais de 300 membros da IURD, incluindo bispos e pastores, recebidas a 3 de dezembro de 2019, que deram origem à abertura de um processo-crime, tendo sido agora deduzida acusação contra os quatro arguidos.

O processo foi remetido ao Ministério Público, que "depois da análise e prática de atos processuais subsequentes, remeteu o processo a Juízo", no dia 5 de maio.

Trocas de acusações e processos judiciais

Os conflitos entre a ala brasileira e a ala angolana da IURD em Angola arrastam-se desde finais de 2019, com trocas de acusações mútuas e processos judiciais em curso.

Recentemente, a ala reformista (angolana) foi legitimada pelo executivo angolano e retomou os cultos, assumindo o controlo das catedrais no país, que tinham sido apreendidas no ano passado pela Procuradoria-Geral da República, enquanto a ala brasileira tenta reverter a decisão na justiça.  

IURD Igreja Universal do Reino de Deus in Mosambik
Conflitos entre ala brasileira e ala angolana da IURD arrastam-se desde 2019Foto: DW/J.Beck

No mês passado, 22 membros brasileiros da IURD em Angola, entre pastores e as suas mulheres, receberam notificações do Serviço de Migração e Estrangeiros para deixar o país.

A decisão de cancelamento dos vistos de permanência temporária, concedidos a 51 pastores e bispos, por cessação da atividade eclesiástica em Angola, surgiu na sequência de um ofício da nova direção angolana da IURD.

Record TV suspensa pelo Governo

Também em abril, a Record TV África, canal de televisão pertencente à IURD, foi suspenso pelo Governo angolano, tal como os canais ZAP Viva e Vida TV, após o Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social ("MINTTICS") detetar "inconformidades legais".

Dez dias depois, a Record TV África anunciou a saída do seu diretor, o brasileiro Fernando Teixeira, e declarou só ter trabalhadores angolanos nos seus quadros.

O comunicado do MINTTICS referia que a Record tinha como diretor-executivo um cidadão não nacional e indicava que os quadros estrangeiros do canal, que exercem atividade jornalística no país, não estavam acreditados nem credenciados no Centro de Imprensa Aníbal de Melo. A rede Record divulgou nos últimos tempos várias reportagens críticas do Governo, afirmando que os religiosos brasileiros são alvo de xenofobia em Angola.

A disputa interna na IURD teve o seu início quando um grupo de dissidentes angolanos decidiu afastar-se da direção brasileira, com várias acusações, nomeadamente de evasão de divisas, racismo, prática obrigatória de vasectomia, entre outras, todas recusadas pelos missionários da igreja criada pelo brasileiro Edir Macedo, que acusam também os angolanos de xenofobia e agressões.