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Angola: Campanha para libertar ativistas de Malanje

15 de abril de 2018

Três jovens foram condenados a penas de prisão por desacatos em protestos no Dia da Paz, a 4 de abril. Ativistas de Luanda exigem a sua libertação e planeiam vigílias, marchas e manifestações.

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Foto de arquivo (2015): Protesto pela libertação dos 15+2Foto: Reuters/H. Corarado

"Levem o vosso gatuno" - gritaram dezenas de jovens nas ruas de Malanje, durante as comemorações do Dia da Paz e Reconciliação Nacional, a 4 de abril. Os manifestantes exigiam a destituição do governador local, Norberto dos Santos "Kwata Kanawa".

Na sequência dos protestos, seis cidadãos foram acusados de subversão da ordem pública. Três deles foram condenados a penas entre cinco a sete meses de prisão efetiva. Dois foram absolvidos e outro, com 14 anos, vai a julgado de menores.

Esta semana, um grupo de ativistas lançou, em Luanda, uma "Campanha Nacional de Apoio aos Manifestantes de Malanje", exigindo a libertação.

"O crime alegado pelas autoridades é, por si só, ridículo, e até agora não foram apresentadas provas neste sentido", diz Nuno Álvaro Dala, um dos promotores da iniciativa.

Luanda: Angola und Kuba Schule vor acht Jahren verlassen
Nuno DalaFoto: DW/B. Ndomba

O processo, acrescenta, não passa "de um esforço de, mais uma vez, o sistema de justiça judicializar o político e, como muitas vezes também acontece, politizar o jurídico, sempre no esforço de reprimir e instigar medo junto dos cidadãos".

Os ativistas vão exigir a reposição da liberdade dos jovens com mecanismos "contundentes", sublinha. Estão previstas vigílias, marchas e manifestações: "Não estou referir-me a Luanda, aliás, o centro indicado para o efeito será Malanje e Luanda vai funcionar como um segundo espaço para realizar esses protestos todos para que essa loucura chegue ao fim e os jovens voltem à liberdade", explica Nuno Álvaro Dala.

Vice contribuiu para condenação, diz ativista

O vice-Presidente da República, Bornito de Sousa, desvalorizou a manifestação do Dia da Paz e disse que a atitude dos jovens não refletia "o sentimento e o caráter do povo de Malanje".

Angola Bornito de Sousa
Bornito de SousaFoto: DW/Nelson Sul D‘ Angola

Para Nuno Álvaro Dala, os pronunciamentos do governante soaram como uma "ordem superior" e contribuíram para a condenação dos jovens.

"Houve da parte do vice-Presidente da República uma certa responsabilidade no sentido de que os jovens acabassem nesta situação", considera. "Depois de dar a entrevista, na qual reduziu os jovens a kupapatas ou moto-taxistas frustrados, fartos de uma série de situações com as quais não concordavam, nomeadamente terem autorização de circular pela cidade, estava na verdade a transmitir uma espécie de ordem superior".

CASA-CE: Malanje está ao abandono

Malanje fica a cerca de 476 quilómetros da capital angolana, Luanda. A província é rica em diamantes, calcário, urânio e fosfatos.  

No entanto, segundo Carlos Xavier, secretário executivo local da CASA-CE, o segundo maior partido da oposição, a região está voltada ao abandono, "é uma terra praticamente esquecida".

Angola: Campanha para libertar ativistas de Malanje

"Não se verifica absolutamente nada no que ao desenvolvimento diz respeito. As infraestruturas são aquelas que o colono português deixou, não existem estradas secundárias e terciárias não têm asfalto, e aquelas que têm asfalto, que o colono deixou, o asfalto está esburacado. Em Malanje só restou o nome e a população que é trabalhadora", lamenta.

Por isso, o representante da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral entende que o nível do descontentamento dos jovens tem razão de ser: "As reclamações dos jovens são completamente legítimas, na medida em que foram representar a maior parte da população - que se revê nos jovens contestatários. Os tribunais e a polícia, aqui, estão ao lado da má governação, são eles que promovem a má governação."

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