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Cabindenses acusam comissão eleitoral de beneficiar MPLA

Simão Lelo
23 de agosto de 2022

A poucas horas das eleições em Angola, a comissão eleitoral em Cabinda é acusada de beneficiar o partido no poder. A sociedade civil diz que as assembleias de voto vão ser dirigidas, na sua maioria, por membros do MPLA.

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Foto: Siphiwe Sibeko/REUTERS

Angola vai a votos esta quarta-feira, 24 de agosto, nas quintas eleições gerais do país. Entretanto, nas vésperas da votação, soam os alarmes de denúncias na província de Cabinda. 

A sociedade civil acusa a Comissão Provincial Eleitoral (CPE) de excluir jovens apartidários e de conceder mais espaço aos membros do partido no poder para dirigirem assembleias de votos no dia das eleições. 

Jeremias Binda, um dos jovens excluídos, diz que a comissão eleitoral deste ano é pior que a das eleições passadas e que esta está a compactuar com a fraude.

"Não esperava essa atitude desse Governo, uma vez que o próprio [Presidente] João Lourenço disse combater a corrupção, nepotismo e compadrio. Juro que eu precisava mais do que nunca estar nesse processo [eleitoral], por duas razões:  Obter alguma remuneração para me ajudar, mas, sobretudo, estar mais perto do processo que vai ditar o novo Governo. Mas infelizmente, fomos roubados", afirma o jovem de Cabinda. 

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Sob anonimato, outra jovem também excluída pela comissão eleitoral em Cabinda lamenta que até nesses concursos, em que se alega existir transparência, só sejam priorizados os militantes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

"Fico muito triste, fizemos tudo o que pediram. Vimos que foram favorecidos apenas os que têm padrinhos na cozinha e nem sabemos como classificar. Muitos que lá estão a trabalhar nem se inscreveram na CNE", diz.

Processo de recrutamento 

Com 2.055 assembleias de voto no país e no estrangeiro, o ministro da Administração do Território, Marcy Lopes, referiu que poderão votar pelo menos 12 milhões de cidadãos. 

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) conduziu um processo de recrutamento de mais de 100 mil pessoas para integrar as mesas das assembleias de voto. Sem esclarecer quais os critérios da escolha, a CNE divulgou os nomes selecionados em listas tornadas públicas.

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Em Cabinda, foram escolhidos mais de 5.000 membros para as mesas, repartidos por quatro municípios. E entre os selecionados constam várias individualidades com cargos de chefia, muitos deles no setor público e afetos ao partido no poder, segundo a denúncia da sociedade civil naquela província.  

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Mas o vice-governador para o setor Político e Social de Cabinda desvaloriza as acusações dirigidas ao seu partido. De acordo com Miguel dos Santos Oliveira, "o funcionário público também faz parte de um determinado partido político”.

"Muitos [desses funcionários] compõem partidos como MPLA, UNITA, CASA-CE, FNLA e assim em diante. E nós entendemos isto como um processo normal, que está previsto na nossa legislação e não podemos dissociar isso", explica. 

Sem gravar entrevista, uma fonte ligada à Comissão Provincial Eleitoral disse à DW que a seleção e admissão dos membros das assembleias de voto foram realizadas com critérios abertos e uma participação universal.

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