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Alemanha pondera fim da missão militar no Mali

Mahamadou Kane | Bob Barry | cm
8 de fevereiro de 2022

Perante um isolamento cada vez maior do Mali, dirigido por uma junta militar após o golpe de Estado em 2020, aumentam as dúvidas sobre o envolvimento e a segurança dos cerca de 1.200 soldados alemães no país.

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Mali Bundeswehr in Gao
Foto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance

A possibilidade de retirar o exército alemão do Mali está a ganhar terreno no seio do Governo em Berlim. A recente expulsão do embaixador da França do Mali fez soar o alerta, levando a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, a questionar a continuidade da missão militar no país mergulhado numa crise de segurança e onde a junta militar deverá continuar a liderar o país durante pelo menos cinco anos, depois do adiamento das eleições previstas para este mês.

"Tendo em conta os mais recentes passos do Governo maliano, temos de nos questionar honestamente se as condições para o sucesso do nosso compromisso comum se mantêm", admitiu a ministra, em entrevista ao diário Süddeutsche Zeitung, na semana passada.

"É claro que o Governo maliano deve dizer o que espera, o que quer, mas também deve ser um parceiro fiável para nós", afirma por sua vez Eva Högl, responsável pelas questões militares no Parlamento alemão. "Temos a impressão crescente de que já não é um parceiro fiável, pelo contrário, que dificulta as missões e que as missões não são desejadas".

"São estes os líderes que queremos apoiar?"

Mali Bamako Junta-Chef Assimi Goita (R) mit Premier Maïga
O primeiro-ministro Choguel Kokalla Maïga e o Presidente de transição Assimi Goita nas cerimónias do Dia Nacional do Exército, a 20 de janeiro.Foto: FLORENT VERGNES/AFP

Högl considera que a região do Sahel deve ser estabilizada, mas afirma que deve ser tomada rapidamente uma decisão sobre como continuar o envolvimento do exército alemão na missão de treino da União Europeia e na missão da ONU, a MINUSMA.

Em entrevista ao canal alemão ZDF, também a ministra da Defesa Christine Lambrecht se mostrou "muito céptica" quanto à manutenção das tropas no Mali, perante a tensão entre o país africano e os parceiros internacionais.

"Independentemente do elevado empenho dos nossos soldados no terreno, naturalmente surge a questão de saber se são estes os líderes que queremos apoiar na luta contra o terrorismo, que queremos tornar fortes. Iremos nós alcançar os nossos objectivos no futuro? É muito questionável", afirmou.

Opiniões dividem-se

O Governo francês já tinha anunciado que os países parceiros vão adaptar os dispositivos no Mali até meados de fevereiro. No entanto, uma possível tomada de posição de Berlim está a dividir opiniões na região de Mopti, no centro do Mali.

Deutschland übernimmt Führung der EU-Ausbildungsmission in Mali
Oficiais da missão de treino da União Europeia no Mali.Foto: picture alliance/dpa/Bundeswehr

"Neste momento, o que o maliano comum está a exigir é a retirada da França. O resto virá mais tarde. Os alemães têm o direito de ficar, mas se querem ir com a França porque estão sob o seu controlo, deixem-nos ir", considera o jovem Abubacar.

Já Samba, outro jovem ouvido pela DW, não coloca "os outros europeus na mesma categoria que França". "Hoje, todos os malianos e toda a África compreenderam que França e a sua forma de governar são o primeiro inimigo do continente. Agora acordámos e entendemos tudo. É por isso que já não os queremos mais, não tem nada a ver com as outras forças europeias", sublinha.

"Se a Alemanha tomar esta decisão, penso que já se esqueceu de quem era. Se hoje temos aliados, muito antes da Rússia, posso dizer que a Alemanha foi o primeiro país a reconhecer o Mali como independente, livre e soberano. Mas, se tentarem sair, não há problema. Continuaremos a considerá-lo um aliado" diz o jovem Bouba.

Manter os laços

Kassim Keita, membro do Conselho Nacional de Transição (CNT) do Mali, acredita que Berlim prefere preservar os laços históricos de amizade com Bamako e salienta que não há motivo para preocupações.

"A Alemanha está a fazer esforços para garantir que a relação entre os dois países seja mantida. Do meu ponto de vista, quer a Alemanha aceite ficar, quer decida retirar as suas tropas, por vontade própria ou no quadro da União Europeia, creio que temos soldados bem treinados que podem manter a segurança no Mali", afirma.

A Alemanha está presente militarmente em solo maliano com um contingente de 1.170 soldados. Outro contingente de mais de 300 militares contribui para a formação de soldados malianos através da Missão de Formação da União Europeia no Mali (EUTM).

O Parlamento alemão decidirá até maio se estende as missões, tendo o país garantido, para já, que não existem planos concretos de retirada das tropas.

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