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Aldeia líbia de Zintan ganha nova vida com novos residentes

Dumas Maryline
31 de março de 2017

Foram obrigados a abandonar Trípoli com os confrontos armados em 2014. O regresso transformou o modo de vida da pequena aldeia beduína.

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Libyen Tripolis Explosionen Kämpfe Zintan Brigade 03.08.2014
Foto ilustrativa: Um combatente das brigadas Zintan, no conflito em 2014Foto: Reuters

Os confrontos armados opondo as brigadas de Zintan, pequena aldeia beduína situada a 180 quilómetros o sul de Trípoli, à coligação armada de Fajr Libya começaram em 2014. Com o controlo da capital o Faj Libya forçou os habitantes oriundos de Zintan a abandonar Trípoli para regressarem à sua cidade de origem.

Para muitos esta foi uma revolução bem calma. A população de Zintan passou de 45 mil habitantes para mais de 65 mil. Os novos residentes, regressados da capital líbia, levaram com eles um pouco da sua forma de viver, ou seja, aspetos de uma vida mais moderna.

As mudanças

Aldeia libia de Zintan ganha nova vida com regresso de residentes

Hamza Abil, é um dos muitos que regressou. Em fevereiro do ano passado, o jovem abriu um dos primeiros cafés de Zintan. Uma mudança brusca na pequena cidade onde os habitantes nunca tiveram o hábito de ir a um café. "Todas as pessoas de Zintan eram tímidas. Não ficavam por muito tempo no café. Muitas pagavam e levavam o que tinham comprado para a casa”, descreve.

As diferenças entre os que sempre viveram em Zintan e os que vieram da capital é evidente. Isso mesmo confirma Moussa, um cliente tripolitano do Costa Café. "Tinham o hábito de nos chamar os "macchiato", mas agora somos aceites sem problemas”.

A maioria dos clientes de Hamza Abil é oriunda de Trípoli, mas o líbio afirma que cada vez mais pessoas de Zintan frequentam o seu café. "Todas as pessoas estão contentes e querem vir aqui ao café. Elas necessitam de ter acesso à internet, de conversar com outras pessoas e encontrar com os amigos aqui”, nota Abil.

A resistência

Nem toda a população vê com bons olhos esta abertura. É muito raro, nas ruas, cruzar com mulheres e muito menos vê-las num café. Para Asma, isso não é mais do que uma questão de reputação, uma vez que "é um pequeno local e todos se conhecem”. "As pessoas vão dizer que esta mulher, a filha de tal pessoa, esteve num café. Ela está a ter um mau comportamento, porque não é bom estar em locais públicos assim”, acrescenta.

A estudante, de 20 anos de idade está, apesar de tudo, otimista. Asma veio de Trípoli e só visitava Zintan durante as férias e agora está a ver a cidade em plena transformação. "Zintan mudou muito. As pessoas vindas de Trípoli abriram empresas, criaram postos de trabalho para as pessoas daqui. Os habitantes começam a ter um espírito mais aberto. Pouco a pouco tudo vai correr bem”, afirma a jovem, frisando que é preciso "um pouco de tempo”, até porque "é muito difícil mudar a mentalidade das pessoas”.

E será que elas irão ter tempo para ver as mudanças?, interroga-se a jovem. Uma boa parte dos tripolitanos de Zintan têm a intenção de regressar à capital logo que a cidade esteja em segurança.