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EducaçãoMoçambique

Ainda é possível salvar o ano letivo em Moçambique?

26 de julho de 2020

Em Moçambique, o setor da educação luta contra relógio para salvar o ano letivo 2020, interrompido em março pela pandemia. Mas analistas e políticos sugerem que se salvem vidas no lugar de salvar o ano letivo.

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Foto: DW/R. da Silva

O Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano já há muito tempo proibiu o uso de novas tecnologias nas salas de aula, para o ensino e aprendizagem, sobretudo no ensino secundário. Hoje, essas tecnologias são necessárias para salvar o ano letivo 2020, comprometido por causa do novo coronavírus.

O comunicólogo e professor universitário Sérgio Langa sugere por isso que se faça um investimento neste campo, como "um aluno, um tablet" e "salas virtuais equipadas".

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"Porque não há-de valer a pena assumirmos que as aulas vão iniciar quando materialmente não preparamos, sobretudo as camadas mais desfavorecidas. Aqui nós podemos pensar num projeto um aluno, um tablet. É apenas um exemplo que estou a dar mas tudo para garantir que o aluno tenha um dispositivo eletrónico a partir do qual possa aceder às aulas", explica Langa.

Respeito à ciência 

Mesmo se a decisão de salvar o ano for política, e até se for para anular o ano letivo, o Governo não pode desviar o foco que é salvaguardar a ciência, alerta Langa.

"É preciso respeitar as decisões políticas porque existe algo mais forte por detrás delas. Mas não podemos perder de vista que é importante também que as decisões a serem tomadas neste contexto da academia que sejam decisões que respeitam o pensamento científico".

Se o Governo decidir retornar as aulas o analista lembra que há comunidades, sobretudo rurais, cujas escolas não têm agua para beber muito menos para lavar as mãos. "Então isto pressupõe resolver a questão da pirâmide de Maslow, que é satisfazer as necesidades básicas, para permitir que os tecidos mais desfavorecidos se revejam nesta luta contra a Covid-19".

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Preocupação dos moçambicanos

Já o deputado pela bancada da RENAMO e professor universitário Eduardo Namburete defende que a preocupação de todos os moçambicanos não deveria ser de salvar o ano letivo.

"Se conseguirmos fazer com que todas as providências para evitar o alastramento da Covid-19 sejam colocadas em prática antes ou até se conseguir salvar o ano letivo melhor, mas a nossa preocupação não é salvar o ano letivo".

Quando faltam apenas quatro meses para terminar o ano letivo, interrompido em março último, nada resta ao país, segundo Namburete, se não repensar o próximo ano. Para o deputado e professor, "seria ilusório graduar estudantes que não estudaram praticamente". "O ideal e o mais lógico seria anular o ano letivo e ninguém vai morrer porque perdemos o ano letivo", defende.

O também politico e professor universitário Silvério Runguana, falando ao canal privado STV, defendeu que se deve encontrar meios para o retorno as aulas presenciais.

"Não restam dúvidas que eu continuo a acreditar que temos que encontrar uma maneira de pôr as aulas a funcionar. E se não terminar este ano e no próximo ano vamos continuar a dizer que as nossas escolas não têm condições?", questinou.

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