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A luta contra o Estado Islâmico em África

AFP | Reuters | EBU | Kersten Knipp | nn
3 de janeiro de 2018

Depois da Al-Qaeda, o autointitulado Estado islâmico tenta agora expandir a sua influência em África. Países europeus e os Estados Unidos da América (EUA) reforçam estratégias contra os jihadistas.

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Manifestação contra o Estado Islâmico em Addis Abeba, na Etriópia (2015)Foto: Getty Images/AFP/Abubeker

Com a derrota do Estado Islâmico no Iraque e na Síria, os radicais procuram expandir a causa extremista ao longo do Sahel, especialmente em países como o Chade, Mali e Níger, na África Ocidental.

No início de outubro, soldados dos Estados Unidos e do Níger entraram em confronto com militantes do Estado Islâmico na fronteira com o Mali. A batalha ceifou a vida de quatro soldados norte-americanos e de cinco nigerianos.

Numa recente visita ao Níger, onde soldados franceses combatem movimentos jihadistas, o Presidente francês Emmanuel Macron mostrou-se determinado na luta contra o terrorismo, dizendo que não quer "dar oportunidades às forças terroristas na região do Sahel e do Saara".

"Não devemos deixar que o Sahel fique nas mãos das organizações terroristas que estamos a derrotar no Médio Oriente. As nossas forças, no âmbito da coligação internacional, estão prestes a vencer, espero que em poucos meses, a ameaça do Daesh na região Síria e no Iraque", destacou Macron.

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Em visita ao Níger, em dezembro, Emmanuel Macron discursou perante soldados franceses que atuam na região do SahelFoto: Getty Images/AFP/L. Marin

Também o alto-comandante militar norte-americano Joseph Dunford e a senadora republicana Lindsey Graham já alertaram para a ameaça crescente em África.

Se o primeiro avisa que o Estado Islâmico "tem aspirações a estabelecer uma presença maior" naquele continente e por isso é necessário reforçar a prevenção, a senadora acredita que "a guerra está a mudar" e que África pode ser palco de mais disputas.

Combate ao terrorismo 

A luta contra a expansão do Estado Islâmico em África

Os Estados Unidos já estacionaram cerca de 1.300 tropas especiais no continente africano. Também a França já colocou quatro mil soldados na região do Sahel. E a Itália vai deslocar as tropas do Iraque para o Níger, acedendo a um pedido do Presidente francês.

De acordo com o primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni, em declarações na semana passada, o país vai continuar a trabalhar principalmente no combate ao tráfico humano e terrorismo, "ameaças que se têm consolidado na região do Sahel, em África, no últimos anos".

Ainda segundo o Gentiloni, o Governo italiano apresentará uma proposta ao Parlamento para que parte das forças envolvidas no combate ao terrorismo no Iraque sejam deslocadas para o Níger nos próximos meses.

Além disso, os países doadores reuniram até agora cerca de 300 milhões de euros para ajudar a financiar as missões. Mais recursos devem ser levantados para o combate aos grupos jihadistas nos próximos meses, com doações da Arábia Saudita e da União Europeia.

Mali Bundeswejr Camp Castor in Gao
Soldados alemães no Mali Foto: picture-alliance/dpa/B. Pedersen

"Oportunidade para os terroristas"

Christophe Ayad, um analista especializado em questões do Médio Oriente e África disse ao jornal francês Le Monde, que o Mali é uma espécie de Afeganistão. Segundo ele, ambos os países passaram por um triunfo militar, seguido de uma reconstrução fracassada e da disseminação da insurreição.

Segundo um estudo do instituto americano The North-South (NSI, na sigla em inglês), alguns fatores podem fomentar movimentos jihadistas na região do Sahel, como a instabilidade política e económica, a falta de controlo, a pobreza e a inexistência de uma identidade regional. Um conjunto de razões que para este instituto americano cria uma fragilidade estrutural e uma oportunidade para terroristas.

Essas características também podem ser aplicadas a outros Estados subsaarianos como Burkina Faso, Costa do Marfim e Nigéria. "Embora a combinação de vulnerabilidade e resiliência possa variar nestes e outros países da África Ocidental, eles compartilham uma grande mistura de todos os fatores, que contribuem para a fragilidade estrutural", afirma o relatório do NSI.