Na República Democrática do Congo (RDC), o ébola já fez mais de 1500 mortos e a cada dia há registo de 12 novos casos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que já declarou o estado de emergência internacional .
A OMS também alertou Angola para se precaver sobre possíveis casos de ébola nas fronteiras. O país partilha uma vasta zona fronteiriça com a RDC nas províncias do Zaire, Moxico, Lunda Norte e Luanda Sul.
O ativista Jeremias Benedito, da associação Lauleno, com sede no Moxico, leste de Angola, espera que se reforçem as medidas de segurança nas fronteiras para evitar que a doença chegue ao país.
"As fronteiras angolanas são vulneráveis porque não existem medidas de contenção, segurança, não há postos de saúde ou de prevenção nestas fronteiras. Daí que é enorme o risco de se registarem casos de ébola em Angola", diz.
Angola vai reforçar segurança nas fronteiras
Hernando Agudelo, representante da OMS em Angola, reconhece que existe um Plano Nacional de Contingente do Governo angolano para fazer face a eventuais casos de doença no país.
A ministra da Saúde de Angola, Sílvia Lutukuta, já prometeu reforçar a segurança nas fronteiras. "Vamos revisitar estas áreas num trabalho conjunto com o Ministério do Interior para aferir se as nossas condições estão em prontidão. Há um alerta internacional, o sctor da saúde também está enquadrado nesta alerta e as nossas autoridades sanitárias sabem o que se está a passar e vamos trabalhar", declarou a governante.
Para além de reforçar a segurança nas fronteiras, é necessário criar um plano de sensibilização das populações sobre as formas de prevenção e de contágio da doença, sobretudo no leste e no norte de Angola, sugere o ativista Jeremias Benedito.
"Acho que deveria reforçar-se a segurança nas fronteiras e fazer-se um trabalho de sensibilizar os populares para que saibamos como nos defendermos do ébola e quais são as medidas que o governo provincial deve adoptar", defende.
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As cicatrizes invisíveis do ébola
Ausentes da fotografia
Faltam três pessoas nesta foto de família, diz Felicia Cocker, de 27 anos. O vírus do ébola matou o seu marido e dois dos seus cinco filhos: "A vida tem sido muito dura. Não tenho mais ninguém que me possa ajudar."
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As cicatrizes invisíveis do ébola
Autoridades falharam
Stephen Morrison perdeu sete irmãos e uma irmã. Ele diz que a culpa do alastramento da doença na Libéria é a falta de informação e os rituais fúnebres tradicionais. "Os meus familiares começaram a morrer depois do falecimento de um idoso", conta. "Na altura, não sabíamos que era ébola. Por todo o lado se negava o surto."
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As cicatrizes invisíveis do ébola
Um depois do outro
"Eu e três crianças – fomos os únicos a sobreviver", conta Ma-Massa Jakema. Antes da epidemia ela vivia com 13 familiares. O vírus matou a sua irmã mais velha e o seu irmão mais novo, seis sobrinhas e sobrinhos, além de outros parentes afastados. "Morreu tanta gente, é horrível", diz Jakema.
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As cicatrizes invisíveis do ébola
Futuro incerto
"Não sei como vai ser agora", diz Amy Jakayma. "Primeiro morreu a minha tia, depois o meu marido e os meus filhos. A minha vida está virada do avesso – perdi a família inteira."
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As cicatrizes invisíveis do ébola
Desespero
Massah S. Massaquoi chora ao lembrar os familiares que morreram infetados com o vírus do ébola. "É difícil viver assim. Eu sobrevivi – fui uma das únicas a sobreviver na minha família mais próxima. Agora estou a viver com o meu avô." Massah perdeu o filho, a mãe e o tio.
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As cicatrizes invisíveis do ébola
Discriminação
Princess S. Collins, de 11 anos, mora na capital liberiana, Monróvia. Sobreviveu ao ébola mas o vírus roubou-lhe a mãe, o tio e o irmão. Mas agora "os vizinhos começaram a apontar para nós e a chamar-nos de 'doentes com ébola'".
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As cicatrizes invisíveis do ébola
Ébola também destrói futuros
Mamie Swaray (esq.) tem 15 anos de idade. Na verdade, ela devia estar na escola, mas o tio morreu infetado com o vírus do ébola e, por isso, não tem mais ninguém que lhe possa pagar as propinas escolares. Swaray sobreviveu ao ébola mas agora o seu futuro é incerto.
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As cicatrizes invisíveis do ébola
"Vontade de Deus"
Oldlady Kamara vive no bairro de Virginia, na zona ocidental de Monróvia. 17 membros da sua família morreram infetados com o vírus do ébola, incluindo o seu marido. "É horrível mas não posso fazer nada contra. É a vontade de Deus", diz Kamara. Ela contraiu ébola mas está muito grata por ter sido tratada num centro de saúde.
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As cicatrizes invisíveis do ébola
Obrigada aos médicos
Bendu Toure acaba de ter alta do centro de tratamento. O seu corpo conseguiu combater o vírus. Ela contraiu o ébola a partir da sua irmã. Toure cuidou dela até ela morrer. O seu irmão também faleceu. Apesar de tudo, Toure está bastante grata aos médicos: "Estou tão contente por poder sair daqui. Todos os dias tinha de assistir a mortes."
Autoria: Julius Kanubah / Katrin Matthaei / gcs