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PolíticaÁfrica do Sul

Secretário-geral do ANC suspende Cyril Ramaphosa

Lusa
6 de maio de 2021

O secretário-geral do Congresso Nacional Africano (ANC), Ace Magashule, suspendeu unilateralmente o presidente do partido no poder na África do Sul, Cyril Ramaphosa, foi hoje anunciado no Parlamento.

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Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa Foto: Reuters/R. Bosch

Cyril Ramaphosa, que também é Presidente da República da África do Sul, referiu ao parlamento que recebeu "a carta de suspensão de Ace Magashule às 22:00 de quarta-feira".

O chefe de Estado sul-africano salientou, durante a sessão de hoje de perguntas e respostas no Parlamento, que "foi com desânimo" que viu "a suposta suspensão", acrescentando que "cabe ao Comité Nacional Executivo [NEC, na sigla em inglês] tratar do assunto no fim de semana".

Na quarta-feira (05.05), o partido no poder suspendeu o seu secretário-geral, Ace Magashule, que enfrenta na justiça uma acusação por alegada fraude e corrupção pública de mais de 14,5 milhões de euros, através de uma carta tornada pública da secretária-geral adjunta do partido, Jessie Duarte.

O porta-voz do ANC, Pule Mabe, disse que a direção do partido convocou uma reunião de emergência para o fim de semana, e, em conformidade, responderá ao secretário-geral. "O ANC solicitou que o secretário-geral respeite as decisões do NEC e se sujeite à disciplina da organização", adiantou Pule Mabe em declarações à SABC.

Magashule promete "quebrar o silêncio"

Ace Magashule referiu hoje à imprensa sul-africana que vai "quebrar o silêncio", uma vez que "os recursos do Estado estão a ser utilizados" contra si e os "seus aliados", sem precisar mais detalhes.

Magashule salientou que permanece no cargo porque apelou da decisão do partido de o suspender, alegando que "suspendeu Cyril Ramphosa, porque enfrenta acusações de compra de votos durante a sua campanha política 'CR17' para a presidência do partido no poder". 

Todavia, o NEC do ANC é tido como o único órgão diretivo com poderes para suspender um presidente do partido.

O "braço de ferro" entre Ace Magashule, aliado do ex-Presidente Jacob Zuma, e Cyril Ramaphosa, ameaça a integridade do partido no poder na África do Sul, cujos dirigentes enfrentam múltiplos escândalos de corrupção pública no país após cerca de três décadas de governação desde a queda do anterior regime do 'apartheid'.

 Ace Magashule I südafrikanischer Politiker I African National Congress
Ace Magashule enfrenta acusação por alegada fraude e corrupção Foto: Gianluigi Guercia/AFP/Getty Images

"A carta [de Ace Magashule] é uma tentativa de desmoronar o Congresso Nacional Africano, e de dividir totalmente a organização", declarou Sibongile Besani, membro da direção do partido no poder em declarações ao canal público SABC. 2Os que estão a tentar dividir o partido são aqueles que tem beneficiado a nível pessoal", adiantou. 

A suspensão de Ace Magashule, em vigor desde 3 de maio, foi tomada pelo Comité de Trabalho Nacional do ANC, que reafirmou a decisão da direção nacional do partido de que "todos os membros acusados de corrupção ou outros crimes graves devem afastar-se das suas funções no prazo de 30 dias", noticiou o canal público sul-africano.

Magashule é acusado de 20 crimes por fraude, corrupção e lavagem de dinheiro num caso de corrupção pública relacionado com um projeto de amianto de mais de 255 milhões de rands (14,5 milhões de euros), na província do Estado Livre, centro do país, onde exerceu o cargo de governador do partido no poder até à sua nomeação para o cargo de secretário-geral do partido.

Em novembro, o tribunal sul-africano de Bloemfontein concedeu-lhe liberdade condicional mediante o pagamento de uma fiança de 200.000 rands (10.842 euros).

Membros do ANC envolvidos em corrupção

O anterior Presidente da África do Sul Jacob Zuma, que liderou o país entre 2009 e 2018, foi afastado pelo seu partido, o ANC, antes de terminar o mandato depois de múltiplos escândalos relacionados com corrupção, desde quando era vice-presidente da República.

Zuma está atualmente sob investigação no âmbito de uma comissão que averigua a grande corrupção no Estado sul-africano, chefiada pelo juiz Raymond Zondo. O ex-chefe de Estado foi substituído no cargo por Cyril Ramaphosa, que era vice-presidente de Zuma.

Ramaphosa afirmou na semana passada, perante a 'comissão Zondo' que os membros do ANC envolvidos em corrupção não podem contar com apoio e proteção do partido, no poder na África do Sul desde 1994.

 Zuma negou até agora todas as acusações afirmando ser uma 'caça às bruxas' política do partido no poder, na altura liderado por Thabo Mbeki, que governou o país entre 1999 e 2008.

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