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Tensões na campanha eleitoral em Moçambique

Romeu da Silva24 de setembro de 2014

A campanha eleitoral em Moçambique não está a ser pacífica. A RENAMO diz que está a ser vítima de sabotagem aos seus panfletos, o MDM viu inviabilizado um comício e há brigas entre os adeptos dos vários partidos.

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Foto: DW/J. Beck

Troca de acusações, confusão, brigas e sabotagens de material de propaganda: é assim que se pode descrever a campanha eleitoral na cidade de Maputo e arredores. O partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), inviabilizou um comício do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), nos arredores da capital, Maputo.

A concretização do comício do partido de Daviz Simango devidamente autorizado a realizar o evento num campo de futebol, foi impedida pela FRELIMO, que ordenou a crianças que ocupassem o recinto. O que provocou discussões acesas entre os simpatizantes, passíveis de deflagrarem em violência. A polícia começou por limitar-se a assistir e interveio tardiamente.

“Queremos governar os vivos”

O presidente do MDM, Daviz Simango, não se deixou intimidar e fez a sua campanha num outro lugar improvisado. E apelou aos seus simpatizantes a não pautarem pela violência: “Só assim é que nós vamos acabar com aqueles que gostam de provocar os outros. E se vocês responderem a eles, alguém há-de sair com sangue, alguém pode morrer e nós não queremos governar os mortos. Queremos governar os vivos, por isso, nada de violência meus irmãos”.

Entretanto multiplicam-se as denúncias de ilícitos eleitorais, desde a destruição de panfletos, a ameaças à população e ofensas aos partidos. A RENAMO, por exemplo, queixa-se de estar a ser atacada pelo fato de ter armas. Alberto Machaieie, daquele partido, deixa um aviso à população da província sulista de Gaza: “A FRELIMO é um partido que só tem medo da pessoa que está armada. Então eu lamento neste momento quando verifico que Daviz Simango diz: “Não votem nos partidos que estão armados”. Nós não gostamos de estar armados. Mas estamos a ver em que país estamos”. Na opinião de Machaieie, a RENAMO é “obrigada a continuar a com as armas, que é para nos defendermos”.

Bürgermeister von Beira Daviz Simango
O líder do MDM, Daviz SimangoFoto: Maria Celeste Mac'Arthur/AFP/Getty Images

Cidadãos lamentam a violência

A FRELIMO não respondeu às acusações da RENAMO, nem comentou a inviabilização da campanha do MDM, preferindo apenas afirmar que “o partido está a trabalhar para ter mais votos”.

Alguns cidadãos ouvidos pela DW África lamentam o fato de haver atos de violência num momento em que todos deviam estar a participar desta festa da democracia. Dizem, por exemplo que, “Os partidos têm a obrigação de educar os cidadãos para que respeitem a lei. Toda a gente tem que respeitar os outros, não rasgar panfletos nem se envolver em pancadaria”. Outro cidadão contou: ”Houve um senhor do MDM a ser agredido pelos homens da FRELIMO. Eleições são uma festa. Nós estamos em festa. Não podemos bater um no outro, porque todos nós somos moçambicanos”.

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Os observadores e jornalistas estrangeiros já estão a chegar ao país para cobrir as eleições gerais de 15 de outubro próximo. Recorde-se que este que foi antecedido pela tensão político-militar que envolveu o Governo e a RENAMO, antes do acordo de paz entre ambos, que tornou possível o pleito.

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