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Robert Mugabe ameaça veteranos de guerra contestatários

Privilege Musvanhiri (Harare) / kg28 de julho de 2016

Na semana passada, a Associação de Veteranos da Guerra de Libertação do Zimbabué retirou o apoio ao Presidente nas próximas eleições. Robert Mugabe ameaça agora punir severamente os dissidentes.

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Foto: picture alliance/dpa/A. Ufumeli

O Presidente zimbabueano confirmou, esta quarta-feira (27.07), que estão em curso investigações para apurar os responsáveis do comunicado da semana passada, em que a Associação de Veteranos da Guerra de Libertação Nacional retirava o apoio a Mugabe e denunciava o agravamento das suas "tendências ditatoriais".

Os veteranos que lutaram na guerra de independência contra o Reino Unido são um dos principais pilares da União Nacional Africana do Zimbabué - Frente Patriótica (ZANU-PF, na sigla em inglês), o partido de Mugabe, que está há 36 anos no poder.

Num discurso perante milhares de apoiantes junto à sede do ZANU-PF em Harare, o chefe de Estado, de 92 anos, prometeu agir com mão firme: "Queremos saber quem escreveu e publicou [o documento]. Se apanharmos os culpados, eles serão punidos severamente. A punição será dura."

Simbabwe Robert Mugabe bei der Kriegsveteranen-Veranstaltung in Harare
Manifestação de apoio ao Presidente zimbabueano, em Harare, onde estiveram também muitos veteranos de guerra pró-MugabeFoto: picture alliance/dpa/A. Ufumeli

"Não somos respeitados"

No comunicado divulgado a 21 de julho, a Associação de Veteranos da Guerra de Libertação Nacional considerava que "a liderança do partido ZANU-PF falhou na abordagem dos problemas económicos que assolam a nossa grande nação". Atualmente, o Executivo não consegue pagar aos funcionários; falta dinheiro nos bancos e a população tem de esperar horas para fazer levantamentos. Além disso, os preços dos alimentos dispararam devido à seca no país e a contestação aumentou.

Os veteranos queixavam-se de o Presidente não lhes dar ouvidos: "Não somos respeitados. O ódio que recebemos de quem está no poder é o mesmo ódio que os britânicos tinham contra nós. Qual é a diferença? Não vamos a lado nenhum. Nós somos a base do partido. Quem não nos entende do ponto de vista revolucionário deve sair", afirmou Douglas Mahiya, porta-voz do grupo de veteranos.

Esta quarta-feira, sete homens armados invadiram a casa de Mahiya. O incidente foi notificado à polícia. Poucas horas depois do discurso de Mugabe, o seu advogado, Charles Nyika, disse à agência de notícias France-Presse que as autoridades pretendiam interrogar o porta-voz da associação.

Protestos serão travados?

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A oposição do grupo de veteranos de guerra "é histórica", comenta o analista político Pedzisai Ruhanya. "Mesmo fragmentada, não há fação mais unida que a Associação de Veteranos da Guerra de Libertação Nacional".

Além dos veteranos contestatários, Mugabe também ameaçou na quarta-feira os partidos da oposição, o clero, embaixadas estrangeiras e dissidentes durante o discurso na sede do ZANU-PF.

Analistas acreditam, no entanto, que as autoridades não conseguirão travar a revolta dos cidadãos, apesar do Presidente ter autorizado a polícia a prender qualquer pessoa que saia às ruas para protestar.

Robert Mugabe anunciou a intenção de se recandidatar à Presidência nas eleições marcadas para 2018.