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Velhos tempos de volta no Brasil, diz jornalista alemão

Luisa Frey14 de maio de 2016

Correspondente do jornal "Die Zeit" critica composição do ministério nomeado pelo presidente interino Michel Temer, sem mulheres e negros, se perguntando se a escolha foi motivada por "estupidez ou desespero".

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Eliseu Padilha (esq.), Michel Temer (centro) e Henrique Meirelles
Eliseu Padilha (esq.), Michel Temer (centro) e Henrique MeirellesFoto: Agência Brasil/J. Cruz

Em artigo publicado na emissora pública alemã Deutschlandfunk neste sábado (14/05), o correspondente do jornal Die Zeit no Brasil, Thomas Fischermann, comenta a composição do ministério recém-nomeado pelo presidente interino Michel Temer.

"Nenhum negro faz parte dele [do ministério] – e isso neste colorido país de tantas culturas. E também nenhuma mulher. O Ministério das Mulheres [e da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos] foi até extinto", escreve. Fischermann questiona se a escolha da nova equipe do governo é um reflexo da "estupidez ou do desespero".

Para o jornalista, Temer acaba de enviar um sinal claro de que os velhos tempos estão voltando ao Brasil. "As elites tradicionais voltaram ao poder. E elas fazem o que querem", comenta.

Principais momentos do discurso de Temer

Em meio a um país polarizado, em que muitos classificam o processo de impeachment contra Dilma Rousseff como um golpe de Estado, Fischermann reconhece que o afastamento da presidente não teria sido alcançado se ela tivesse feito uma política bem-sucedida. Mas ela falhou em meio à crise econômica, diz.

O jornalista afirma que os planos para a economia da "equipe de limpeza à La Temer" até parecem bons. "São prescrições econômico-ortodoxas para conseguir mais segurança e estabilidade para empresários, para mais investimentos no país e uma redução do aparato do Estado."

No entanto, a pergunta é por quanto tempo a política "à la Temer" irá bem, escreve Fischermann. "Muitos temem que sua falta de jeito ao compor seu gabinete seja um indicativo para o futuro", diz.

À base de poder do presidente interino pertencem barões de regiões de minas e agrícolas, reis da motosserra do Amazonas e capitães da indústria de ramos da economia dependentes de subvenções, comenta o jornalista. "E não são poucos deles que são alvo de acusações de corrupção, e alguns devidamente condenados", conclui.