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OGE de Angola deve ser revisto devido à queda do petróleo

Manuel João (Luanda)22 de janeiro de 2016

Economista do CEIC defende revisão do OGE 2016 no contexto da queda do preço do petróleo no mercado internacional. Precioso Domingos é a favor da redução das despesas dos deputados, consultoria estrangeira e defesa.

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Plataforma petrolífera em AngolaFoto: AFP/Getty Images

A necessidade da revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2016 deve-se, ao facto, do preço do barril do petróleo no mercado internacional estar abaixo da casa dos trinta contra os 45 dólares previstos no OGE aprovado, em dezembro último.

Em declarações a DW África, o economista do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica (CEIC), Precioso Domingos, é de opinião, que o Governo deve revisar o OGE, dada a conjuntura económica nacional e internacional.

Domingos explica que “está agora haver, uma espécie de persistência, em termo do preço do barril do petróleo, um pouco a baixo da casa dos 30 dólares, um preço que fica muito distante daquilo que foi usado como preço no relatório de fundamentação do Orçamento Geral do Estado para o ano de 2016”.

O empréstimo tem sido, nos últimos tempos, uma fonte constante do financiamento do Estado angolano. Segundo Precioso Domingos, caso o Governo não queira reduzir as despesas no Orçamento retificativo, deve socorrer-se ao crédito e a diversificação económica, apesar de reconhecer que este último elemento, é atingido a longo prazo.

Diversificação da economia é a solução

De acordo com o economista, “dado o modelo do crescimento económico assumido por Angola que é dependente do petróleo, a curto prazo não tem outra solução se não recorrer a crédito e financiamento estrangeiro. A longo prazo não tem outra solução se não a diversificação da economia”.

Caso o Governo queira reduzir as despesas na revisão do OGE deve começar nas rubricas que o economista considera serem desnecessárias. E Precioso aponta exemplos: “Você gasta oito mil milhões de dólares por ano para consultoria estrangeira, não se explica que os deputados para nos representarem precisam [de carros da marca] Lexus avaliados em duzentos mil dólares."

Experte Precioso Domingos verteidigt staatliche Haushaltsüberprüfung
Precioso Domingos, economista angolanoFoto: DW/M. João

E o economista apresenta outro paradoxo, explicando que "não se justifica que, a medida que nos distanciamos de 2002, altura em que a guerra terminou em Angola, as despesas em defesa, segurança e ordem pública têm um sentido crescente, em vez de decrescente e, para o nosso espanto, neste Orçamento de Estado, elas aumentaram como nunca”.

O OGE 2016 tinha sido aprovado com 147 votos dos deputados do MPLA, partido no poder, e FNLA e 33 votos contra da UNITA, CASA-CE e PRS por preverem, na altura, uma baixa do preço do barril do petróleo no mercado internacional.

Governo acredita na recuperação do "ouro negro"
O politólogo José Adalberto diz que o Governo não devia ignorar o alerta da oposição na altura da aprovação do documento do exercício económico 2016/2017: “Embora na altura da aprovação do OGE 2016 tivesse sido feitas alertas por outras bancadas parlamentares de que o Governo fizesse a sua previsão já em baixa mas o Governo preferiu não dar ouvido a estas bancadas fazendo uma previsão mais otimista embora nesta altura o contexto internacional apontasse para uma baixa do preço do petróleo no mercado internacional”.

O ministério das Finanças acredita na recuperação do “ouro negro”, no entanto, acha ser prematuro falar em revisão do Orçamento Geral do Estado. José Adalberto entende que a retificação do OGE é inevitável: “Eu penso que mais tarde ou mais cedo, atendendo aquilo que são as previsões, o governo vai ter que regressar a Assembleia Nacional e rever o Orçamento Geral do Estado”.

O OGE para 2016 aprovado na Assembleia Nacional, em dezembro, prevê um défice de 5,5 por cento e um crescimento económico de 3,3.

Angola Luanda Nationalversammlung Baustelle
Parlamento angolanoFoto: DW/C.V. Teixeira

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