1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Obasanjo sai da Guiné-Bissau sem solução. E agora?

Braima Darame (Bissau)11 de fevereiro de 2016

O impasse político na Guiné-Bissau continua, mesmo depois da visita de Olesegun Obasanjo,que saiu do país sem se ter chegado a um consenso relativamente à resolução do conflito político, que se arrasta desde agosto.

https://p.dw.com/p/1Hu5c
Olesegun Obasanjo, enviado especial da CEDEAO, abandonou a Guiné-Bissau sem ter sido encontrada uma solução para o conflitoFoto: Chung Sung-Jun/Getty Images

O Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, promoveu nos últimos dias quatro reuniões para tentar mediar a crise política que afeta o país desde agosto de 2015, depois de o chefe de Estado ter demitido o Governo liderado por Domingos Simões Pereira.

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a Organização das Nações Unidas, a União Europeia, a União Africana e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, os cinco principais parceiros internacionais da Guiné-Bissau, começam a dar sinais de cansaço perante o impasse desta crise política.

Depois do último encontro nesta quarta-feira, 10 de fevereiro, o enviado especial da CEDEAO, Olesegun Obasanjo, mostrava-se visivelmente insatisfeito com a falta de uma solução e abandonou o país no dia seguinte. “Será muito difícil encontrar soluções imediatas se os líderes se mantiverem na sua teimosia e não se unirem para tomar a decisão mais acertada para o bem do povo”, afirmou o ex-presidente da Nigéria.

Obasanjo disse ser urgente que haja um entendimento entre as partes, alertando a liderança guineense de que a comunidade internacional poder estar a ficar cansada dos problemas no país, mas apelou à população guineense que não permitisse aos autores políticos prolongar esta crise por mais tempo e antes de a própria comunidade internacional dar mostras de muito cansaço.

Divergências entre soluções propostas continuam

Enquanto o Partido Africano pela Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) insiste que o problema pode ser facilmente resolvido por vias judiciais, o Partido para a Renovação Social (PRS) entende que com um diálogo franco e construtivo é possível ultrapassar a crise.“Problemas políticos, segundo o PRS, não têm soluções jurídicas. É preciso dialogarmos, para chegarmos a um entendimento. Esta é a única solução”, afirmou Florentino Mendes Pereira, secretário-geral do partido. “Todos nós sabemos que os guineenses já estão saturados, quanto mais a comunidade internacional”, acrescentou, reforçando a ideia de Olesegun Obasanjo.

Ovídio Pequeno, representante da União Africana na Guiné-Bissau, acredita que o extremar de posições continua a minar os progressos que visam alcançar soluções para a crise. “Eu acho que toda a gente está a enveredar pelo mesmo caminho. Nós, como representantes da Comunidade Internacional, estamos na qualidade de observadores”, afirma.

Guinea-Bissau Jose Mario Vaz
José Mário Vaz, Presidente da República da Guiné-BissauFoto: Getty Images/AFP/S. Kambou

Já Murade Murargy, secretário executivo da CPLP, que se encontra em Bissau desde 10 de fevereiro, defende que a solução para a crise passa pelos próprios guineenses e que é preciso encontrar uma saída, para que o país se possa concentrar no desenvolvimento. “Ainda não há solução nenhuma, apenas há algumas propostas pelos participantes. Esse é um assunto de guineenses, que são os guineenses que têm de resolver”, afirmou.Nesta quinta-feira já não houve outra tentativa de mediar a situação, já que se sabe de antemão que não irá produzir efeitos desejáveis. Segundo analistas, o PAIGC está a provocar o Presidente da República para que este dissolva o Parlamento, enquanto que o PRS e o grupo de 15 dissidentes do PAIGC que pretendem que o chefe de Estado derrube apenas o governos liderado por Carlos Correia.

[No title]

Saltar a secção Mais sobre este tema