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'No to war'

3 de abril de 2009

A cúpula comemorativa da Otan em Estrasburgo e Kehl é marcada por manifestações de protesto. Entre os principais atores, estão organizações pacifistas e antiglobalização, para quem 60 anos de Aliança Atlântica já bastam.

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Protestos em EstrasburgoFoto: AP

A Organização do Tratado do Atlântico Norte foi criada como uma aliança de defesa, com o fim de proteger a liberdade e a ordem democrática do mundo ocidental contra a suposta ameaça dos países comunistas em torno da União Soviética. Desde sua criação, há 60 anos, ela se confronta com um adversário com que não contava.

Desde bem cedo, os ativistas do movimento pacifista detectaram na Otan antes uma ameaça para a paz mundial do que um de seus sustentáculos, rejeitando-a. Como alternativa para o equilíbrio do medo, eles propuseram a fórmula: "Paz sem armas".

De perigosa a supérflua

Mani Stenner, da rede do movimento alemão pela paz Netzwerk Friedenskooperative, descreve assim o papel da Aliança Atlântica:

"A Otan era um elemento desestabilizador, um fator da Guerra Fria, favorável à opção de que ambos os pactos [o de Varsóvia e o Tratado do Atlântico Norte] se aniquilassem mutuamente e nós todos fôssemos junto. Foi monstruoso o risco que a Otan assumiu com sua ameaça nuclear. O céu teria caído sobre nossas cabeças."

Protest gegen Nato Treffen Strasburg in Baden Baden
Passeata colorida em Baden-BadenFoto: AP

Para quem já era contra a aliança desde sempre, a derrocada da URSS na década de 1990 tornou a Otan, enquanto liga de defesa, ainda por cima supérflua. O atual conceito de operações out of area – como, por exemplo, no Kosovo – é perigoso e injustificável de qualquer ponto de vista, critica Stenner.

"Com a mudança de sua estratégia, a Otan tornou-se uma aliança que impõe seus interesses econômicos, mesmo sem mandato das Nações Unidas, contra o direito internacional, com guerras que fazem muitas vítimas civis."

A Friedensinitiative tem sede em Estrasburgo, na região francesa da Alsácia. De lá, atua como escritório de coordenação para numerosas manifestações de protesto de iniciativas e grupos pacifistas alemães. E exige, em alto e bom som, "que a Otan seja dissolvida pois precisamos de outros meios que não sejam os militares e bélicos, a fim de resolver os muitos, extremamente sérios, conflitos do mundo."

Problema ou solução?

Não só o movimento pacifista "clássico" compreendeu que paz significa bem mais do que a ausência da guerra e que os desafios de um mundo global também precisam de respostas interconectadas.

Também ativistas dos direitos humanos ou adversários da globalização veem a Otan não como parte da solução para os problemas do mundo, mas sim como parte desses problemas. Este é o ponto de vista de Werner Rätz, um dos fundadores do braço alemão da Attac, ONG antiglobalização fundada na França em 1998.

"Nos últimos anos, a Otan se transformou cada vez mais num instrumento para manutenção, ou imposição, em todo o mundo, da violenta ordem econômica da globalização neoliberal. Por isso, somos críticos em relação ao militarismo, ou mesmo antimilitaristas."

Não à violência

Durante o encontro de cúpula de dois dias da Aliança Atlântica, que se inicia nesta sexta-feira (03/04) em Estrasburgo e em Kehl (no sudoeste alemão), estão planejadas nessas duas cidades numerosas manifestações e eventos anti-Otan.

Entre elas, um congresso de política de paz onde se debatem concepções políticas alternativas para o gerenciamento de crises em todo o mundo. Também um "Campo Internacional de Resistência" monta suas tendas.

Com passeatas e outras ações de protesto, os ativistas pretendem perturbar o decorrer da cúpula e atrair para si a atenção da mídia. Porém um mandamento básico é a total ausência de violência, lembra Rätz.

"Nós do Attac temos regras claras, em nossos protestos só empregamos meios pacíficos. Em Estrasburgo, conseguimos fazer valer esse princípio no planejamento dos bloqueios, de outra forma não teríamos participado. E esse consenso vale para os principais atores das manifestações."

Marchas da Páscoa

O movimento alemão pela paz tem a agenda cheia em abril de 2009. Logo após a cúpula da Otan, haverá as marchas de Páscoa pela paz em todo o país, realizadas há quase 50 anos por grupos e iniciativas locais.

Embora tantas vezes declarada morta, trata-se de uma tradição cem por cento viva, assegura Mani Stenner. E desta vez as marchas oferecem também uma boa oportunidade para fazer um balanço após as manifestações intituladas No to Nato – No to war.

"Será feita uma avaliação do que essa cúpula trouxe. Continua sendo importante tomar a palavra e dizer o que correu errado, do ponto de vista da política para a paz, e quais sugestões alternativas temos a fazer. É uma tradição muito viva dos grupos pacifistas", afirma o representante do movimento.

Autor: Zoran Arbutina
Revisão: Rodrigo Rimon Abdelmalack

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