Cidadãos queixam-se de extorsão na Zambézia
21 de julho de 2016Condutores e passageiros dizem que não é possível atravessar Murrothone, no distrito de Mocuba, sem dar algum dinheiro às brigadas das Forças de Intervenção Rápida (FIR) que estão instaladas ao longo da estrada.
A zona tem sido marcada pelos confrontos entre os homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO, o maior partido da oposição) e as forças governamentais. Os automobilistas dizem que os agentes param as viaturas semi-coletivas de passageiros, revistam o seu interior e exigem entre 10 a 100 meticais a cada ocupante (entre 13 cêntimos e 1,4 euros).
“De princípio, eles pedem a identificação dos passageiros. Depois, dizem-nos que, em vez de lhes roubarmos tempo, devemos dar 10 [meticais] por cada passageiro e depois deixam-nos passar”, denuncia um dos condutores com quem a DW África falou. “Sentimos muito, porque demos aquele dinheiro por causa de medo”, confessa.
Segundo os residentes de Murrothone, quando as FIR arrecadam dinheiro suficiente não há impedimentos para transitar na estrada que facilita a ligação entre os distritos do centro e norte da província da Zambézia.
Polícia apela à denúncia da população
No entanto, o vice-presidente da Associação dos Transportadores da Zambézia, Baduro Alfredo Aly, desmente as informações avançadas pela população. “Não constitui a verdade que os homens da FIR estejam a cobrar dinheiro aos nossos transportadores e à população”, diz Aly, afirmando que quem está a fazer isso são “homens da RENAMO, não só em Murrothone, mas também em Morrumbala. Mandam parar o carro e pedem dinheiro”.
Baduro Alfredo Aly acrescenta que, até agora, a Associação dos Transportadores da Zambézia não recebeu nenhuma queixa nesta rota. “A polícia não está em Murrothone para extorquir os transportadores, mas sim para manter a ordem e a tranquilidade”.
O delegado político provincial da RENAMO, Abdul Issufo, diz que a guerrilha da RENAMO “não está na estrada” e que quem fiscaliza as viaturas é a FIR.
Jacinto Félix, porta-voz do Comando da Polícia na Zambézia, diz que o “comando ainda não registou este caso e apelamos à população para o denunciar”.