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John Kerry em África para debater segurança e terrorismo

Glória Sousa / Andrew Wasike / AFP / AP23 de agosto de 2016

Secretário de Estado norte-americano está na Nigéria, depois de visitar o Quénia, na segunda-feira (22.08). Kerry anunciou mais ajuda para o Sudão do Sul e vai debater combate ao terrorismo com o Presidente nigeriano.

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Argentinien Buenos Aires John Kerry bei Pressekonferenz
Foto: Reuters/E. Marcarian

À chegada à Nigéria, esta terça-feira (23.08), o dirigente norte-americano elogiou o país pelos “recentes sucessos militares contra o Boko Haram”. No entanto, John Kerry deixou também um alerta: o “uso excessivo da força” contra “tudo e todos” no combate aos extremistas islâmicos terá consequências.

Falando numa conferência de imprensa na cidade de Sokoto, no nordeste do país, John Kerry lembrou os “importantes progressos” da Nigéria, que, no último ano, conseguiu recuperar o controlo de várias áreas ocupadas pelo Boko Haram e libertar milhares de reféns.

“A Nigéria e os seus vizinhos estão a enfraquecer as capacidades do Boko Haram”, afirmou o secretário de Estado norte-americano, apelando, no entanto, ao respeito pelos direitos humanos. “À luz da actividade terrorista, alguns são tentados a atacar tudo e todos”, frisou Kerry, acrescentando que “o extremismo não poder ser derrotado através da repressão ou medo”.

A Amnistia Internacional e a Human Rights Watch têm vindo a acusar as tropas nigerianas de uso de força excessiva e execuções extrajudiciais de alegados insurgentes do Boko Haram, centenas de muçulmanos xiitas e manifestantes pro-Biafra. Os militares rejeitam as acusações.

Líder do Boko Haram “fatalmente atingido”

John Kerry aterrou na Nigéria no mesmo dia em que a força aérea nigeriana anunciava a morte de vários combatentes do Boko Haram e alegadamente do líder do grupo radical islâmico, num ataque dos aviões do Governo na floresta de Sambisa, na sexta-feira (19.08).

Nigerien Boko Harams Führer Abubakar Shekau
Abubakar Shekau, líder do Boko HaramFoto: picture-alliance/AP Photo

“Acreditamos que o seu líder, conhecido como Abubakar Shekau, foi fatalmente atingido”, anunciou o porta-voz militar Coronel Sank Kukasheka Usman. No início da visita à Nigéria, John Kerry não fez referência ao alegado ataque aéreo, mas sublinhou que a sua administração tem estado atenta ao combate ao grupo extremista.

Na sua terceira visita ao país em menos de dois anos, Kerry encontrou-se ainda com líderes tradicionais e religiosos e apelou à população para que respeite os princípios da igualdade e da tolerância para “ultrapassar as profundas divisões étnicas e religiosas”.

O secretário de Estado norte-americano vai também encontrar-se com o Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, na capital, Abuja, num encontro que deverá focar-se na insurgência do Boko Haram, o combate à corrupção e a recuperação da economia da Nigéria, a braços com as consequências da queda dos preços do petróleo no mercado global.

Mais ajuda para o Sudão do Sul

No dia anterior, em Nairobi, John Kerry encontrou-se com o Presidente queniano, Uhuru Kenyatta, numa reunião em que a situação de segurança no Sudão do Sul, no Sudão e na Somália, o contra-terrorismo, a paz e a boa governação na África Oriental foram os principais temas em debate.

Kenia - US Außenminister John Kerry und Kenias Präsident Uhuru Kenyatta
John Kerry e Uhuru Kenyatta em NairobiFoto: picture-alliance/dpa/T. Mukoya/Pool

O secretário de Estado norte-americano anunciou novos pacotes de ajuda ao Sudão do Sul, saudando também a ideia da criação de uma força regional de paz, autorizada pelo Conselho de Segurança na ONU, para o país.

“Não se trata de uma força de intervenção, mas de uma força de proteção”, frisou o dirigente norte-americano, afirmando que “as partes em conflito aterrorizaram e abusaram de não combatentes, 40% da população está sem comida e assiste a recordes na inflação, pelo que é necessária ajuda urgente para salvar vidas”.

No Quénia, Kerry anunciou ainda “uma nova ajuda dos Estados Unidos ao Sudão do Sul”, no valor de 138 milhões de dólares. “O fundo será usado para o abastecimento de comida, água e medicamentos para as pessoas que necessitam”, explicou.

Falando em nome dos ministros dos Negócios Estrangeiros na África Oriental, incluindo do Sudão do Sul, após uma reunião com o secretário de Estado norte-americano, a governante queniana Amb Amina Mohammed anunciou que todos concordam com o envio de uma força de proteção para Juba, porque “a situação foi de mal a pior”.

“Começámos conversações de imediato com os chefes das forças de defesa para ver o que é possível fazer num curto período de tempo”, anunciou Amb Amina Mohammed.

O Sudão do Sul rejeitou inicialmente o envio de uma força regional de proteção, depois de o Conselho de Segurança da ONU ter decidido, recentemente, o envio adicional de 4 mil soldados.

Milhões de dólares em ajuda

O secretário de Estado John Kerry anunciou também que os Estados Unidos vão reforçar o apoio aos refugiados na África Oriental. O país vai ajudar no repatriamento de cerca de 350 mil refugiados somalis que se encontram no campo de refugiados de Dadaab, no Quénia.

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“Os EUA vão providenciar mais 117 milhões de dólares para apoiar os refugiados, repatriados e vítimas da seca na região. Vamos ainda contribuir com mais 29 milhões de dólares para o novo apelo do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) para apoiar o regresso seguro e voluntário de refugiados somalis”, explicou Kerry.

Num discurso recheado de milhões de dólares em ajuda, o secretário de Estado norte-americano prometeu ainda 25 milhões de dólares para apoiar a organização de eleições gerais no Quénia, no próximo ano.