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Icebergs gigantes retardam aquecimento global

Sonya Angelica Diehn (lpf)12 de janeiro de 2016

Estudo aponta que água gelada liberada por grandes icebergs em derretimento aumenta a quantidade de carbono armazenada nos oceanos, o que retardaria o avanço das mudanças climáticas.

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Foto: Jacques Descloitres, MODIS Rapid Response Team at NASA GSFC

Parece um paradoxo: icebergs gigantes, um símbolo das mudanças climáticas, podem, na realidade, retardar o aquecimento da Terra. Isso é possível porque a água gelada e rica em minerais liberada por icebergs em derretimento alimenta o fitoplâncton, diz um estudo publicado nesta segunda-feira (11/01) na revista científica Nature Geoscience.

Esses pequenos organismos marinhos absorvem gás carbônico da atmosfera e, quando morrem, se depositam no fundo dos oceanos, criando um verdadeiro banco de carbono.

"Quando o fitoplâncton cresce, ele libera material fecal e morre, e parte desse material vai para o fundo do oceano, onde permanece por séculos ou milênios", explica Grant Bigg, um dos autores do estudo, professor da Universidade de Sheffield, na Inglaterra.

Os cientistas analisaram imagens de satélite de icebergs gigantes – aqueles com ao menos 18 quilômetros de extensão – no oceano Antártico, medindo a intensidade da clorofila produzida pelo fitoplâncton. A área de produtividade se estende por cinco a dez vezes o tamanho do iceberg, diz Bigg, o que significa que a "o armazenamento de carbono líquido é muito maior do que se suspeitava".

"Isso está essencialmente diminuindo o ritmo em que o dióxido de carbono se deposita na atmosfera", afirma o pesquisador.

A concentração de carbono na atmosfera é atualmente de 400 partes por milhão (ppm) e ela está aumentando em cerca de 2 ppm por ano. "Icebergs gigantes retardaram esse aumento em 5% a 10%", afirma Bigg.

A Antártica está esquentando mais rapidamente do que outras regiões do planeta, o que está fazendo com que o manto de gelo derreta e contribuindo para o aumento do nível do mar. O aquecimento ali é comumente entendido como um ciclo de realimentação positiva, no qual o calor faz com que mais gelo derreta, acelerando, assim, ainda mais o aumento de temperatura.

Algumas pesquisas afirmam que o aquecimento na Antártica já alcançou um ponto de virada para o derretimento, a partir do qual não seria mais possível voltar atrás. A descoberta de que icebergs gigantes podem retardar o aquecimento global foi uma surpresa.

"Nós ainda não entendemos completamente o sistema climático. Eu não ficaria surpreso se ainda houvesse tanto realimentação negativa quanto positiva que pudessem acelerar ou retardar o aquecimento global", conclui Bigg.