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Governo de Tete e Vale reduzem salários de trabalhadores

Amós Zacarias (Tete)23 de julho de 2015

A medida, segundo o Governo e a empresa, visa evitar o despedimento em massa dos trabalhadores, face à queda do preço do carvão metalúrgico no mercado internacional.

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Foto: Gianluca Guercia/Getty Images

O governador da província de Tete, Paulo Auade que anunciou há dias a decisão de reduzir os salários bonificados aos operários da mineradora brasileira, revelou que a empresa pagava salários astronómicos que punham em causa a realidade salarial do país.

"Nós negociamos com a empresa Vale Moçambique para passar dos 18 salários para 13, e já está a fazer arranjos para diminuir o desemprego e os despedimentos", avançou Auade.

Os salários em causa foram acordados na sua maioria em 2013, entre a mineradora e os trabalhadores. O acordo tinha o seu término previsto para 2017.

Trabalhadores e sindicato condenam decisão

Em entrevista à DW África, um dos operários da mineradora Vale Moçambique, que pediu o anonimato, lamenta a posição do Governo provincial de apoiar a redução dos benefícios dos trabalhadores.

"Se o Governo incentiva o corte, numa altura que as coisas estão difíceis, e nós saímos de um lugar para o outro à procura de melhorias, e querem cortar os bónus, para nós é pesado", lamentou. Por outro lado, o entrevistado entende que "o patronato deveria indemnizar as pessoas e depois abrir o novo contrato".

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Mina da Vale em Moatize, província de TeteFoto: DW/M. Barroso

Fernando Raice, Secretário Provincial do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Indústria de Construção Civil, Madeira e Mina de Tete (SINTICIM), considera infundada a justificação da mineradora brasileira Vale."A Vale quando chegou fez um estudo, sabia que o carvão tem destas situações da queda e subida do preço", explica.

No pacote dos cortes da Vale Moçambique está o pequeno-almoço que a empresa serve aos trabalhadores. No entanto, Fernando Raice diz que decorrem negociações no sentido de convencer a empresa a recuar na decisão.

Mineradora acumula prejuízos

Uma nota da Vale Moçambique indica que a retirada dos benefícios se deve à drástica queda do preço do carvão metalúrgico no mercado internacional, que ronda actualmente os 85 dólares por tonelada, cerca de 78 euros.

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Na mesma nota, a empresa avança que no ano passado acumulou prejuízos na ordem dos 240 milhões de dólares, aproximadamente 220 milhões de euros.

O presidente da Autoridade de Moçambique, Rosário Fernandes, desdramatiza a situação. "Quer a ICVL [consórcio indiano International Coal Ventures Private Limited] como a Vale estão com condições de estabilidade mínimas para garantir os postos de trabalho e a produção".

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