1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Falta reconhecimento a turco-alemães, diz estudo

Daniel Pelz (ca)16 de junho de 2016

Pesquisa aponta que mais da metade dos cidadãos de origem turca na Alemanha dizem que jamais serão reconhecidos como parte da sociedade alemã. Para 36%, só o islã é capaz de resolver os problemas da atualidade.

https://p.dw.com/p/1J8ME
90% dos entrevistados com raízes turcas afirmaram se sentir bem na Alemanha
90% dos entrevistados com raízes turcas afirmaram se sentir bem na AlemanhaFoto: picture-alliance/dpa/M. Brandt

Um estudo realizado pela Universidade de Münster, divulgado nesta quinta-feira (16/06), mostra que, embora 90% das pessoas com raízes turcas digam se sentir bem na Alemanha, mais da metade delas afirma que jamais será reconhecida como parte da sociedade alemã.

Segundo o estudo, que entrevistou cerca de 1.200 mil imigrantes da Turquia e seus descendentes, 87% disseram concordar com a frase: "Nós nos sentimos ligados ou muito ligados ao país." Em relação à Turquia, a cifra foi dois pontos percentuais menor.

"Não estávamos esperando por isso", disse Detlef Pollack, porta-voz do núcleo de religião e política da Universidade de Münster.

Em alguns aspectos, a maioria dos entrevistados avaliou a situação na Alemanha melhor que os próprios alemães.

"Quando se comparam as pessoas de origem turca com os alemães do leste do país, estes últimos se sentem tratados mais injustamente do que aqueles com raízes turcas", afirmou Pollack durante a apresentação da pesquisa.

Mas, completamente felizes, as pessoas com raízes turcas não estão – 54% delas disseram concordar com a afirmação: "Não importa o quanto eu me esforce, eu nunca serei reconhecido como parte da sociedade alemã."

Menos espaço no mercado

Para Gökay Sofuoglu, presidente da Comunidade Turca da Alemanha (TGD, na sigla em alemão), a constatação não é nenhuma surpresa.

"Os resultados do estudo coincidem com as observações que faço diariamente", diz Sofuoglu, cuja federação representa cerca de 200 organizações turcas.

Segundo ele, rejeição e discriminação ainda fazem parte do cotidiano de muitos residentes de origem turca na Alemanha, e a ascensão profissional ainda é difícil.

"Quando se olha para a administração municipal, o serviço público ou as escolas, pessoas de origem turca em posições de chefia ainda são raridade", acrescenta o presidente da TGD.

Os pesquisadores de Münster também aconselharam: mais atenção deve ser prestada à situação particular das pessoas de origem turca.

Metade dos entrevistados disse ser o islã a única religião verdadeira
Metade dos entrevistados disse ser o islã a única religião verdadeiraFoto: picture-alliance/dpa

"A mensagem à sociedade majoritária deve ser que é preciso lidar de forma mais sensível com os problemas dos residentes com raízes turcas. Ao mesmo tempo, também se deve observar que muitos deles se sentem muito bem na Alemanha", afirma o sociólogo Pollack.

Para Gökay Sofuoglu, a responsabilidade é de ambas as partes. Mais respeito pela língua turca, pela religião e direito ao voto nas eleições municipais para todos que vivem há muito tempo no país – essas são suas exigências ao Estado alemão.

Segundo o chefe da TGD, também as pessoas de origem turca e suas associações têm deveres de casa a fazer: "As organizações turcas têm de contribuir mais, têm de mostrar mais lealdade ao Estado alemão e à Constituição do país", opina.

Papel da religião

Para Pollack, a falta de reconhecimento tem consequências: "Em nossos olhos, esse sentimento de ausência de consideração se exprime através de uma defesa veemente do islã", afirma o professor universitário.

Segundo a pesquisa, metade de todos os entrevistados considera o islamismo como a única religião verdadeira. Quase metade dos participantes do estudo afirma: é mais importante seguir a lei religiosa do que o direito estatal.

Para 36%, somente o islã é capaz de resolver os problemas da atualidade. E 7% acreditam que é até mesmo justificável empregar a violência para difundir a religião muçulmana.

"É preciso ser realista: é impressionante o alto grau de aceitação da violência", diz o autor do estudo. "Isso é, naturalmente, uma caixa de ressonância para atos de violência exercidos", completa Pollack, que recomendou receitas clássicas para combater o fundamentalismo: educação, bons conhecimentos de alemão, trabalho – e muito contato com não muçulmanos.