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Corrupção mancha a relação entre Angola e China

Manuel Luamba (Luanda)2 de novembro de 2015

É preciso saber quais os termos e condições dos empréstimos da China à Angola e divulgar a dívida real - é o que pedem especialistas.

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José Eduardo dos Santos (esq.) em PequimFoto: Reuters/Wang Zhao/Pool

A relação entre Angola e a China remonta à fase pós-guerra, período em que foi assinado o acordo-quadro, de 28 de novembro de 2003, pelo ministro das Finanças de Angola e do Comércio Externo e de Cooperação Internacional com o governo da China. Em dezembro de 2011, o ex-ministro das Finanças, Carlos Alberto Lopes, tinha dito na Assembleia Nacional que Angola devia à China 5,6 mil milhões de dólares, dos 9 mil milhões contraídos.

Em entrevista à DW África, o especialista em políticas públicas, David Kissadila, recua no tempo e recorda o início da relação entre Angola e China: “A relação entre Angola e China começou com o fim da guerra em 2002. Havia necessidade de se reconstruir o país,.Então a China apareceu como parceiro privilegiado. Esta parceria ajudou Angola a crescer”.

De acordo com a edição de 08 de junho de 2015 do Jornal de Angola “em 2004, a dívida de Angola com a China era de 15 mil milhões de dólares.” A dívida de Angola prevista para 2015 é de 20 mil milhões de dólares.Ainda em junho, o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, contraiu um novo crédito, após visita à China, de aproximadamente 6 mil milhões de dólares.

A confirmação deste empréstimo foi dada pelo vice-presidente, Manuel Vicente, na apresentação do discurso sobre o estado da Nação, na Assembleia Nacional, de 15 de outubro. Não são conhecidas as taxas de juros aplicadas a essa divida, notam os especialistas em Luanda.

Angolas Präsident Jose Eduardo dos Santos in China
José Eduardo dos Santos, visita à ChinaFoto: Reuters/J. Lee

"Corrupção caracteriza as relações bilaterais Angola / China"

O politólogo João Baruba diz que “há má governação e não prestação de contas públicas" revelaando que o "executivo continua a violar os princípios de boa governação e de prestação de contas”, concluí o politólogo.

O economista Precioso Domingos diz por seu lado que se trata de falta de transparência na gestão da máquina pública: “Uma das grandes diferenças tem a ver com a transparência. A China, ao contrário do ocidente (das instituições internacionais), não tem qualquer problema em conceder empréstimos aos países. Para a China o que mais interessa é ver o seu benefício. A China tem saído a ganhar”.Corrupção é o fenómeno que tem caracterizado as relações bilaterais entre Angola e China, sublinha David Kissadila: “Ao invés dos montantes serem distribuídos equitativamente para beneficiar vários setores, eles vão para uma atividade imediata que não tem continuidade de rentabilidade. Isto demonstra que há interesse das pessoas em tirar os seus dividendos sendo Angola um pais corrupto e quando o investimento é grande as comissões também são grandes, por isso, algumas pessoas estão a ficar ricas de noite para dia".

Angola Ölförderung vor der Küste
Plataforma de petróleo em AngolaFoto: MARTIN BUREAU/AFP/Getty Images

O especialista aponta a detenção de Sam Pa, um dos principais intermediários nos negócios entre Angola e a China que foi preso no dia 15 de outubro no âmbito da investigação contra a corrupção, como exemplo acabado da nódoa que suja o casamento entre os dois países: “Determinadas personalidades angolanas estão metidas nestes negócios. A China já deteve um suspeito de corrupção. Estes elementos é que fazem com que não se saiba como estão a ser geridos os dinheiros de Angola.”

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