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Como cumprir as promessas de Ano Novo?

Dana Regev (fc)31 de dezembro de 2015

Parar de fumar, se tornar vegetariano, ler mais livros: muitas resoluções de fim de ano acabam sendo rapidamente esquecidas. Por que é tão difícil pôr em prática um compromisso estabelecido consigo mesmo?

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Foto: picture-alliance/dpa/Stockfood

Mais uma vez, chega aquela época do ano: prometemos para nós mesmos perder peso, parar de beber, adotar um estilo de vida mais saudável, ir à academia, se tornar vegetariano ou, simplesmente, ler mais livros.

No entanto, essas resoluções de Ano Novo tendem a desaparecer muito rapidamente. E, novamente, estamos em casa em vez de correndo no parque, e fumando um último cigarro no bar porque não podemos tomar uma cerveja sem ele.

"Eu dizia várias vezes que eu tinha que parar de fumar, mas isso só aconteceu quando engravidei", diz Diana Schmidt, mãe de duas crianças, moradora de Colônia, na Alemanha.

De acordo com o psicólogo Yaki Sagy, o caso de Diana não é incomum, e isso pode até nos ensinar uma lição. Ele diz que as promessas das pessoas são uma espécie de ritual que elas fazem para si mesmas, e essa cerimônia pode realmente mudar a pessoa.

"Pense sobre o momento em que alguém diz 'sim' em um casamento. Esta declaração não altera a noiva ou o noivo fisicamente, mas, mentalmente, algo muda", afirma Sagy.

E isso, de acordo com ele, é um dos pontos-chave que vão fazer a resolução durar. "A maioria dessas declarações relacionadas a datas pertence à esfera da moderação. Muitas delas envolvem algum tipo de limite, como se abster de certos alimentos, hábitos ou comportamentos", assinala.

Symbolbild Tabak Zigaretten
Para alguns, parar de fumar é uma das promessas mais difíceisFoto: Colourbox

Segundo Sagy, isso tem a ver com a transição de um comportamento infantil para o adulto. "Um casamento, por exemplo, coloca um limite aos encontros sexuais com outros. Então a cerimônia, em si, cria uma mudança nas posições interiores das pessoas envolvidas."

Tomando decisões em público

Mas, precisamos realmente do nascimento de um bebê ou outro evento extremamente importante na vida, como um casamento, para sermos capazes de atingir nossos objetivos? Será que somos realmente incapazes de manter nossas promessas de outra forma?

"Eu acho que há uma menor chance de as pessoas traírem seus cônjuges, por exemplo, depois de um evento com 500 convidados que viram e ouviram os votos matrimoniais do casal, do que após uma decisão privada em que eles, a partir de hoje, são um casal", afirma Sagy.

O especialista explica que isso não significa que esta é a razão pela qual eles vão manter o relacionamento, mas que eles querem criar uma realidade na qual tomam suas decisões e as entregam a uma cultura maior do que a soma de suas partes. E dizem em voz alta que eles estão adotando essas normas.

Schweden Hochzeit von Prinz Carl Philip und Sofia Hellqvist
Casamento perante convidados: uma ajuda à fidelidade?Foto: picture-alliance/IBL Schweden

Uma promessa pessoal quebrada é muito diferente do que a violação de uma lei, principalmente nos sentimentos de culpa que isso pode gerar. As promessas de Ano Novo se diferem das leis no sentido de que uma pessoa escolhe, de forma ativa, tomar uma decisão que não foi ditada por ninguém.

O que a lei faz, em vez disso, é forçar as pessoas a obedecê-la, eliminando a luta interior que eles poderiam ter. Ela determina que alguma coisa é estritamente proibida por si só, enquanto declarações pessoais são baseadas em uma avaliação interna de prós e contras sobre um comportamento particular.

Para Adam Rosenberg, de 30 anos, o ato de dirigir acima do limite de velocidade em sua terra natal, Israel, pode gerar vários sentimentos, menos a culpa. "O limite de velocidade usual é de 90 km/h, o que é completamente ridículo. Então, eu costumo dirigir mais rápido e enfrento o risco de ganhar uma multa."

Em decisões de teor privado, Sagy diz que a situação é completamente diferente. "Não há nenhuma lei que me proíbe de comer alimentos pouco saudáveis, ou que me diga que não estou autorizado a trair", afirma. "A lei, tal como nós conhecemos, não interfere nessas decisões. Por isso não há delitos formais, apenas uma determinação pessoal."

E é exatamente essa característica que constitui o mais fraco – e o mais forte – ponto de nossas promessas. Elas são mais desafiadoras de serem seguidas, mas também geram maior satisfação quando cumpridas. As punições são internas também, sob a forma de culpa, vergonha ou simplesmente uma grande decepção de nossa parte.

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Sagy diz que a determinação pessoal é fundamental para cumprir com as promessas de final de anoFoto: Fotolita/Syda Productions

Troca de prazeres

"Eu tenho tentado me tornar vegana há meses, mas toda vez que eu encontro outro produto lácteo, eu simplesmente não resisto", afirma Zoe, uma estudante de 16 anos de Tel Aviv. "Eu sei que é a coisa certa a fazer, e eu me identifico totalmente com a causa, mas eu não consigo me abster completamente."

Essa é exatamente a diferença entre uma lei externa e uma promessa interna. "Há uma grande diferença entre pessoas que cresceram em uma família vegetariana e pessoas que decidem que o sofrimento dos animais as perturba. E, portanto, eles vão parar de consumir produtos animais. É claro que o último é mais difícil de seguir."

Mas, por que as pessoas acham tão difícil manter suas promessas? Eles sabem que querem alcançar o objetivo final, mesmo que achem o caminho extremamente difícil. Sagy afirma ter uma resposta também para essa pergunta:

"As pessoas têm grande dificuldade de abrir mão de seus prazeres. E acham ainda mais difícil renunciar a eles em troca do ingresso em um sistema social simbólico, em que o ganho nem sempre aparece de forma imediata."

Um bom exemplo, ele diz, é ensinar as crianças a parar de comer com suas mãos. "Nós dizemos a eles para começarem a usar garfo e faca, então eles têm que desistir de um certo prazer. E o que eles recebem em troca? Um lugar na sociedade dos adultos. Nós os elogiamos, dizendo-lhes que eles são maduros, que agora eles são meninos ou meninas 'grandes', e isso se transforma no novo prazer."

A importância das testemunhas

Mas a realidade mostra que muitos de nós, geralmente, preferimos não ir à academia, comer o que queremos, ter a liberdade de ter encontros sexuais e dirigir acima do limite de velocidade. O que podemos então fazer para aumentar as chances de que as nossas resoluções se tornem realidade?

Pelo fato de as resoluções de Ano Novo – como muitas outras decisões particulares – não dependerem da lei, elas precisam de algum outro tipo de "propaganda" para se tornarem sérias. "O ato de fazer a promessa precisa de testemunhas", explica Sagy. "Se não existirem testemunhas, de alguma forma a promessa não existe."

A importância de haver testemunhas deriva, em parte, do sentimento futuro de vergonha caso a resolução não seja cumprida, mas também de visibilidade da promessa.

O psicólogo explica, ainda, que quando as pessoas dizem a si mesmas que vão começar uma dieta em dois dias, isso não tem uma ressonância coletiva. Mas, se prometem iniciar a dieta no primeiro dia do Ano Novo, sua declaração terá uma força maior.

"A maioria das pessoas não diria que vai parar de fumar em duas horas. Eles vão dizer que pararão de fumar no momento em que o novo mês começa. Eles vão declarar isso de uma forma que gerará algum tipo de evidência ou de importância social", afirma.